Há dores que o tempo não consola, apenas acomoda. E há silêncios que não vêm do barulho que cessa, mas da presença que falta.
Nesta semana, a ausência tem nome: Jady.
Uma jovem de 17 anos. Uma aluna em pleno caminho de descobertas, sonhos e metas. Era do terceirão, vestia a camisa do vestibular com esperança, treinava no atletismo com disciplina, sorria com generosidade e olhava para o futuro com coragem. Era tudo isso e mais um pouco — aquilo que palavras não dão conta de definir.
A tragédia veio de forma cruel: uma queda de bicicleta, um acidente simples que virou definitivo. E, de repente, todos os planos pararam. Pararam os relógios, as conversas, a respiração. Paramos nós.
Jady nos foi arrancada num instante em que a vida parecia prometer tanto.
É inaceitável, e é justamente aí que está a dor: na recusa de aceitar o que a realidade impõe. Porque o que se perdeu não foi só uma estudante, mas toda uma história que estava sendo escrita com esforço e brilho.
E o que dizer aos colegas de sala, aos professores, aos amigos e à família?
O que dizer quando as palavras parecem frágeis demais diante de tamanha brutalidade?
Talvez não haja mesmo o que dizer.
Talvez, por agora, o mais digno seja lembrar.
Lembrar da Jady nas manhãs de aula, nas metas do esporte, nas conversas de corredor, nas pequenas alegrias que só quem convive sabe. Lembrar com carinho, com lágrimas, com o cuidado de quem segura algo precioso.
E lembrar, também, que esta não é a primeira vez que passamos por isso.
Dois anos atrás, quase no mesmo dia, outro aluno do terceirão — Gabriel — também perdeu a vida em um acidente de bicicleta. Outra juventude interrompida. Outro vazio imenso.
Que coincidência terrível é essa que nos faz repetir o luto como um eco?
Não sabemos.
Mas sabemos que, diante da fragilidade da vida, tudo o que nos resta é amar mais, cuidar mais, valorizar mais. E lembrar.
Porque, embora o tempo caminhe, há pessoas que continuam entre nós — não nas ruas, mas nas lembranças. Não nos bancos da escola, mas nas histórias que contamos.
Jady agora é saudade.
E Gabriel também.
Mas não são ausência completa.
Estão onde a memória os guarda: no fundo mais bonito de nossos corações.
E para sua família — para quem a viu dar os primeiros passos, para quem segurou sua mão, para quem agora segura o peso impossível da despedida — deixo aqui não apenas palavras, mas o abraço de todos que a conheceram e foram tocados por sua luz.
A dor não passa, mas se transforma. E o amor, esse sim, permanece.
Na saudade que abraça, na lembrança que consola, na fé de que algum dia — em outro tempo, em outra forma — nos reencontraremos.
Jady vive.
No que deixou.
No que foi.
E no que, em nós, jamais deixará de ser.