A teoria e a prática da transformação social

Da Redação ·
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fonte: Ilustrativa/Freepik
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Quando falamos em políticas públicas, o imaginário coletivo tende a remeter à corrupção, ao acúmulo de problemas sociais contrastando com o acúmulo de riquezas por parte de uma minoria privilegiada, à ineficiência e à burocracia. Por outro lado, temos que imaginar a relação com grandes obras de infraestrutura e programas sociais de impacto. Porém, políticas públicas são muito mais do que isso. São o conjunto de ações, decisões e estratégias que o Estado mobiliza para enfrentar problemas coletivos e promover o bem-estar social. Constituem o mecanismo pelo qual a sociedade tenta organizar respostas para demandas que vão da saúde à educação, da segurança ao desenvolvimento econômico.

Um ponto que merece ser destacado é que não existe política pública sem financiamento. Por trás de cada anúncio governamental há um orçamento que precisa ser executado. E o orçamento público não nasce do nada: depende essencialmente de arrecadação de impostos, da possibilidade de emissão monetária ou do endividamento do Estado. Isso significa que toda política pública tem um custo social. Quando alguém exige uma escola, um hospital ou uma estrada, está também, ainda que indiretamente, reivindicando o uso de recursos arrecadados de toda a coletividade. A grande questão é se esse recurso será aplicado com transparência, eficiência e foco no interesse público.

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Nesse aspecto, talvez o maior desafio seja resgatar a confiança da população nas instituições que conduzem tais políticas. Não é incomum ver políticas públicas convertidas em instrumentos de marketing político, descoladas da realidade e sem sustentabilidade no longo prazo. A cada ciclo eleitoral, planos são descontinuados, projetos são engavetados e a sociedade é obrigada a recomeçar do zero, como se o país, os estados e os municípios não tivessem memória ou capacidade de planejamento. É por isso que os instrumentos legais de planejamento deveriam ser tratados com seriedade e não como meros rituais burocráticos.

Mas não basta ter planos no papel. A efetividade das políticas públicas depende de sua implementação profissionalizada. A gestão pública brasileira ainda carrega resquícios de práticas patrimonialistas, onde cargos são distribuídos mais por conveniência política do que por critérios técnicos. Essa realidade compromete a qualidade das entregas e gera desperdícios intoleráveis em um país que convive com carências básicas. Profissionalizar a administração pública significa colocar no centro do processo servidores capacitados, processos racionais e mecanismos de avaliação contínua.

Avaliar é outro ponto fundamental. Políticas públicas não podem ser vistas como favores concedidos ou promessas de campanha eternas. Precisam ser acompanhadas por indicadores claros, mensuráveis, que permitam saber se estão de fato atendendo às necessidades para as quais foram criadas. Eficiência (fazer mais com menos), eficácia (alcançar os objetivos propostos) e efetividade (transformar a realidade social) devem ser critérios constantes. Quando uma política não cumpre esses parâmetros, é sinal de que precisa ser revista ou substituída.

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Em última instância, políticas públicas são bens coletivos que pertencem à sociedade, e não a governos ou partidos. O grande desafio é transformar a percepção cidadã. Mudar a vida das pessoas exige planejamento de longo prazo, compromisso com o interesse coletivo e coragem para enfrentar ineficiências. Só assim as políticas públicas poderão cumprir seu papel como expressão maior da democracia e caminho para uma sociedade mais justa e próspera.

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