Mais um dia daqueles que não gostaríamos de ter que destacar, mas que se torna infinitamente necessário a cada minuto, afinal, os dados do mapa da violência contra a mulher de 2018 comparado com os dados do IPEA mostram que a cada minuto, uma mulher é estuprada no Brasil.
O mais complexo e alarmante de tudo isso, é que os índices mostram que os abusadores sexuais em maioria compartilham de laços afetivos e sanguíneos com a vítima. Sabe-se que 50% dos estupros são cometidos por companheiros, maridos e namorados, os conhecidos correspondem a 15% dos criminosos e 3,7% dos agressores são vizinhos.
A idade das vítimas? 43% tem menos de 14 anos, 18% entre 15 e 18 anos, 35% tem entre 18 e 59 anos e mais de 60 anos correspondem a 4%.
Além da violência sexual, a importunação sexual, a violência e vingança pornográfica são formas pelas quais as mulheres também são vítimas frequentemente, porém, estes tipos de agressão não aparecem nos dados oficiais.
O fato é que no Brasil e em muitos países do mundo a desproporcionalidade nas relações entre os gêneros são uma realidade, e aqui, com nosso passado colonial, marcado pelo patriarcalismo e as relações machistas encontradas tanto na sociedade da cana-de-açúcar como também na cafeeira, a manutenção da vontade masculina torna nosso dia a dia como mulher não só perigoso, mas nos coloca em uma posição social de menor relevância.
A insegurança e o medo são constantes em nossa existência. O receio de ser violada, violentada ou agredida são corriqueiros no quotidiano feminino e a violência de gênero é uma das formas na qual a criminalidade se manifesta. Seja com mulheres, crianças ou adolescentes os riscos são uma constante.
Apesar da reelaboração e reformulação dos papeis sociais, que trouxeram novas configurações de comportamento que inferiram diretamente nas relações entre homens e mulheres na atualidade, essas mudanças não possibilitaram a eliminação da violência de gênero. Estas se manifestam de forma física, patrimonial, psicológica, institucional e simbólica trazendo consequências desde adoecimento psíquico até a morte.
Para mulheres vítimas de violência psicológica os fatores emocionais acabam por se transformar em barreiras que impedem que as vítimas denunciem seus agressores, potencializado pelo medo de represálias e em vistas de proteger a própria vida e família.
Por isso, nesse Dia 25, Dia Internacional da Luta pela NÃO violência contra a mulher, é preciso buscar a conscientização e a compreensão do fenômeno da violência, suas variações, sua complexidade e natureza.
É preciso lutar por Políticas Públicas de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, estruturar a rede de atendimento, onde encontramos as maiores falhas no Brasil, fortalecer o protagonismo das mulheres que sofrem violência (com a criação de abrigos, projeto de autonomia de renda – Apucarana possui a rede de mulheres solidárias que busca emancipar essas mulheres), e a conscientização sobre a realidade a qual nós mulheres somos submetidas diariamente.
Para mais informações, acesse: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/comissao-de-defesa-dos-direitos-da-mulher-cmulher/arquivos-de-audio-e-video/MapadaViolenciaatualizado200219.pdf