Quando a celebração da violência está na palma da mão

Da Redação ·
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fonte: Reprodução

Hoje pela manhã fomos surpreendidos com mais um covarde ataque no Colégio Professora Helena Kolody de Cambé onde uma jovem perdeu a vida e outro encontra-se hospitalizado. Há anos professores e profissionais envolvidos na educação vem alertando sobre um aumento significativo da violência nas escolas fato que reflete na dinâmica do dia a dia e também nos índices educacionais uma vez que a insegurança, o Bullying, e todas as formas de violências expressas no cotidiano das instituições escolares interferem diretamente na qualidade do ensino aprendizagem bem como na saúde mental de estudantes e docentes.

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Por mais difícil que pareça analisar as causas originais do problema, é impossível não considerar três fatores fundamentais.

O primeiro é a cultura da violência na qual o Brasil forjou suas relações sociais, políticas e culturais, o que demonstra que na nossa história, marcada pela colonização, escravidão, corrupção, houve uma combinação de elementos que forjou uma identidade social na qual esses traços se apresentam como característicos das nossas relações. Essa questão só será resolvida com um investimento maciço no que tange a uma Educação das Relações Étnico Raciais e dos Direitos Humanos efetiva.

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O segundo fato é a ausência ou total negligência de pais e responsáveis na vida virtual de seus filhos uma vez que muitos deles não controlam e nem possuem sequer informações sobre o que crianças e adolescentes têm consumido por meio de redes sociais e jogos online. Ambos são recursos riquíssimos para a dinâmica de aprendizagem, porém seu uso deve ser monitorado bem como o acesso a conteúdo de violência explícita, armas e materiais afins.

Pais e responsáveis são ávidos em culpabilizar diretores, professores, políticos, mais muitas vezes não participam da vida escolar de seus filhos, não conhecem a rotina e o funcionamento da escola e deixam a desejar em suas funções, em casa, de educar seus filhos no sentido de uma educação para a não violência. Para isso, é vital estabelecer um controle no uso de recursos online para frear a disseminação de discursos de ódio e obviamente algumas regulações devem ser feitas em nível legal para banir determinados perfis e retóricas violentas. Até porque para que pais possam fazer a regulação precisa haver um consenso com o poder público no estabelecimento de limites para a apresentação de determinados conteúdos.

Outro fator a ser considerado, esse a ser cobrado das autoridades públicas, diz respeito a estrutura de funcionamento das escolas. Na grande maioria dos estados brasileiros não há segurança nas escolas que tem sua estrutura física defasada, sem muros, sem funcionários que controlem entrada e saída, bem como profissionais capacitados que possam atuar em regime de situações de urgência.

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A violência começa na rotina dos estudantes que não possuem profissionais capacitados (psicólogos e assistentes sociais) dentro das instituições para atender possíveis demandas que envolvam o estresse cotidiano. A falta de investimento efetivo em categorias capazes de realizar um atendimento humanizado nas escolas constitui um fator de aumento da violência, inclusive entre alunos e professores que são colocados em circunstâncias extenuantes de trabalho.

Índices são fundamentais e demonstram o avanço ou retrocesso das estruturas de funcionamento da nossa educação, mas será que eles estão dando conta de medir o nível de adoecimento psíquico dos nossos jovens e profissionais de educação? A profissão docente já é uma das que mais apresentam casos de doenças mentais e síndrome de Burnout, isso porque ser professor se tornou uma profissão de risco. E o pior é que a sociedade e as autoridades como um todo parecem não se importar com tais condições. Enquanto não houver um esforço coletivo de realizar menos julgamentos aos profissionais que fazem a educação funcionar e mais apoio ao nosso trabalho, situações como essa continuarão a nos fazer sofrer.