A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras gera incertezas na cafeicultura em plena safra. O produto, que tem os EUA como principal destino, ficou de fora da lista de quase 700 itens isentos da taxa. A medida, que entraria vigor sexta-feira (1º) e foi adiada para quarta-feira (6), preocupa cafeicultores de Apucarana (PR), que embora não sejam exportadores, temem os impactos, como a queda no preço com a maior oferta do produto no mercado interno.
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Segundo o técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Marco Antônio Sanches, o preço do café recuou 7% nos últimos dias, passando de R$ 29 para R$ 27, em média, no preço final para o consumidor. Contudo, Sanches explica que essa queda não tem relação com o tarifa, mas sim, com a fase de colheita.
“O preço para o produtor está em torno de R$ 1.450 a saca de 60 quilos. Mas essa queda de preço é mais pela colheita, porque tem mais produto sendo ofertado no mercado”, reitera.
Sanches concorda que a tarifa imposta por Trump obriga o Brasil a redirecionar parte da produção nacional a outros mercados. E, segundo ele, a China seria uma boa opção, já que o consumo da bebida está em forte crescimento. “A China está consumindo bastante café e pode vir a ser um parceiro. Se o Brasil redirecionar o café para outros mercados, esse impacto não ocorrerá”, analisa.
Estimativa do Departamento de Economia Rural (DER) aponta que 75% da produção de tenha sido colhida na área do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura e do abastecimento (Seab) de Apucarana, que abrange 13 municípios. Segundo técnico do Deral, Adriano Nunomura, não há cafeicultores que exportam produtos na região, contudo, todos serão impactados se houver maior oferta do produto no mercado interno.
“O café é uma commodity e por isso está sujeito a grandes variações em seu preço, influenciada por vários fatores como oferta e demanda e condições climáticas. Considerando uma maior oferta do produto no mercado interno, devido a redução das exportações aos Estados Unidos, a tendência seria para a redução dos preços. Mas é difícil afirmar quanto, quando e se realmente irá ocorrer essa redução”, analisa.
MEDIDA
Presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana Carlos Bovo, afirma que a taxação causa muita preocupação no setor cafeeiro. “O sentimento é de incerteza e preocupação. Mas temos que esperar para ver o que acontece na próxima semana, pois há representantes de exportadores em tratativas com os Estudos Unidos para tentar reverter essa taxa”, comenta.
A medida foi oficializada anteontem por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump e representa um aumento de 40 pontos percentuais sobre a alíquota anterior. Além do café, a carne bovina e frutas frescas estão entre os itens mais expostos. Quase 700 produtos ficaram de fora, entre eles, produtos como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos e fertilizantes.
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