A deputada estadual Mabel Canto (PSC) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná na sessão desta segunda-feira para criticar o processo decassação do mandato da vereadora Gertrudes Bernardy (MDB), de Ivaiporã. A vereadora foi cassada no último dia 26 de janeiro pelo plenário da Câmara por ter promovido uma festinha de aniversário seu e de outros cinco servidores em junho do ano passado, no recinto da Casa, durante a pandemia da Covid-19.
Mabel Canto considerou o processo de cassação, conduzido por uma Comissão Processante (CP), como uma violência política contra a mulher. “O que mais me indigna e me traz a esta tribuna é justamente que outros dois vereadores também celebraram seus aniversários, mas com eles nada aconteceu. Exatamente o mesmo fato, mas a vereadora foi cassada”, lamentou.
A deputada observa que para os dois vereadores – no caso Antônio Vila Real (MDB) e Jaffer Guilherme Saganski Ferreira (PROS - sequer teve votação para que se cassasse o mandato deles. “E aí eu fico me perguntando, por que ela foi cassada e os outros dois não, qual o significado desse tratamento diferenciado? A mim só me resta concluir que se trata de violência política contra a mulher”, declarou.
A parlamentar lembrou que a violência política desde o ano passado foi tipificada como crime pela lei 14.192. Segundo ela, infelizmente a violência política contra a mulher vem crescendo no País, já tendo acontecido com vereadoras e deputadas. “Eu mesmo já passei por essa situação quando fui chamada de hipócrita por aqui”, disse.
Mabel Canto apresentou em plenário requerimento de repúdio ao que considera violência contra e mulher na Câmara de Ivaiporã. Seu pedido recebeu aval do presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano, para quem o que ocorreu em Ivaiporã realmente foi uma injustiça e uma violência contra a mulher. “Eu também condeno esse tipo de atitude e tenho certeza de que a Justiça vai reverter essa decisão”, declarou.
RESPOSTA
Em nota enviada à Tribuna, a vereadora Josane Croceta (Republicanos), integrante da Comissão Processante, nega que Gertrudes Bernardy estaria sofrendo uma perseguição política e machista. Ela assinala que a deputada, “sem qualquer fundamentação plausível ou provas”, atribui unicamente a votação favorável ao parecer conclusivo da Comissão Processante à condição da ex-vereadora ser mulher, o que não é verdade.
Segundo Josane, a posição da ex-vereadora ser mulher em nenhum momento foi colocada em pauta, até porque esse não era o fundamento da Comissão Processante. “Analisando o Parecer Conclusivo e o Processo como um todo, em mais de oitocentas páginas, não há, uma se quer, que se comprove qualquer forma de discriminação”, observa.
“Essa festa que a ex-vereadora realizou foi em época de pandemia deputada, se tivesse lido o relatório da Comissão Processante teria conhecimento dos fatos, época em que o comércio da cidade de Ivaiporã estava fechado, pois o prefeito havia decretado Lockdown, época em que muitas famílias passavam por necessidades, muitas famílias perderam seus entes queridos. Dizer que foi somente um “bolinho” seria menosprezar a dor de todas essas famílias que sofreram direta e indiretamente as sequelas da pandemia”, comenta Josane.
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