Leia a última edição
--°C | Apucarana
Euro
--
Dólar
--

Política

publicidade
POLÍTICA

Oposição reage a novo inquérito sobre Filipe Martins, deputado entra com ação contra delegados

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Telegram
Siga-nos Seguir no Google News
Grupos do WhatsApp

Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline

O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) anunciou que vai entrar com uma representação contra três delegados da Polícia Federal que passaram a investigá-lo após ele acusar a corporação de produzir "relatórios fraudulentos" sobre o ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) Filipe Martins.

A reação de Van Hattem vem após o governo Trump ter dito que Martins não entrou nos Estados Unidos em dezembro de 2022 - informação que baseou o pedido de prisão contra ele por parte do Supremo Tribunal Federal (STF). Martins ficou preso por seis meses e sempre negou ter saído do Brasil naquela data.

publicidade
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.

Em nota oficial, o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos Estados Unidos informou, em 10 de outubro, ter realizado uma "revisão minuciosa das evidências disponíveis referentes às alegações de entrada" e concluído que não há registro da entrada de Martins no país na data indicada. O caso segue sob investigação da administração americana.

"Após a conclusão da análise, foi determinado que o Sr. Martins não entrou nos Estados Unidos nessa data", diz o comunicado. "Essa constatação contradiz diretamente as afirmações feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, indivíduo recentemente sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos contra o povo brasileiro".

Van Hattem afirmou que tomou a iniciativa de processar os delegados Marco Bontempo, Fábio Alvarez Shor e Luiz Eduardo Navajas Telles Pereira a partir da informação do governo Trump.

publicidade

"Como ficou comprovada a origem fraudulenta da informação de entrada de Filipe Martins nos Estados Unidos e eu fui indiciado por obra da PF, em particular de três delegados federais, estou também representando contra esses três delegados", afirmou o deputado gaúcho nesta terça-feira, 21.

A oposição bolsonarista na Câmara e no Senado convocou uma coletiva de imprensa para celebrar, de forma irônica, o aniversário de um ano da denúncia do grupo contra Fábio Shor na Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos "relatórios fraudulentos". As críticas ao delegado no plenário da Câmara fizeram a PF indiciar Van Hattem.

A PF considerou que as declarações de Hattem configuraram calúnia e difamação, e que seu discurso imputou falsamente crimes ao delegado.

publicidade

"Nós ingressamos com uma ação para que fosse investigada a conduta do senhor Fábio Shor, sem pré-julgamento. O fato de que este delegado estava insistindo numa situação que a própria PGR havia dado um parecer contrário, ou seja, a favor da soltura de Filipe Martins, porque as provas estavam desmoralizadas", afirmou o senador Rogério Marinho (PL-RN).

Shor foi responsável pelo inquérito que denunciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Ele virou alvo dos bolsonaristas a partir desse trabalho.

O caso Martins vem se consolidando como o episódio mais polêmico da investigação da trama golpista. Os próprios bolsonaristas avaliam que a suposta fraude possa ter vindo de um servidor da alfândega americana.

publicidade

Na segunda-feira, 20, a PF pediu a Moraes a abertura de um novo inquérito para apurar se Martins simulou uma falsa entrada nos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022 com o objetivo de "descredibilização das provas" das investigações policiais.

"A rigor, o registro de entrada de FILIPE MARTINS PEREIRA nos Estados Unidos, ainda que em caráter indiciário, revela a possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado, no qual não há a presença física dos integrantes da comitiva presidencial perante as autoridades migratórias, com a finalidade de simular uma falsa entrada de FILIPE MARTINS em território norte-americano", escreveu a PF.

De acordo com os investigadores, essa circunstância "tem sido utilizada como prática de novas ações de embaraçamento, tomadas como estratégia para descredibilização das provas e das autoridades que atuaram na persecução penal".

publicidade

"Diante da impossibilidade de esgotar, no presente ofício, todos os elementos envolvidos, e, ainda, considerando a gravidade dos fatos constatados, a Polícia Federal sugere a Vossa Excelência a instauração de procedimento apuratório específico, com o devido compartilhamento das provas já produzidas", propôs a PF.

Quais as provas contra Filipe Martins na trama golpista

Uma das provas da PGR contra Martins é a sua participação na reunião do dia 7 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro reuniu o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes das Forças Armadas para apresentar uma minuta de decreto com medidas de exceção. Na avaliação da Polícia Federal (PF), o documento daria sustentação ao golpe.

publicidade

De acordo com o depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes juntado pela PGR na denúncia, Martins ficou encarregado da leitura do decreto, expondo os seus fundamentos "técnicos".

Contudo, na fase de oitiva das testemunhas, o general afirmou que não conhecia Martins e não teria como reconhecê-lo. Ele disse em junho deste ano que apenas afirmou à PF que "um assessor" leu a chamada minuta do golpe na reunião do dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada.

O depoimento inicial de Freire Gomes, antes da fase oitiva, foi corroborado na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que informou à PF que Martins se retirou da reunião com os militares após a leitura do documento. "Filipe Garcia Martins Pereira apresentou e sustentou o projeto de decreto que implementaria medidas excepcionais no país", resumiu a PGR ao descrever a participação do ex-assessor na trama golpista.

publicidade

Os registros de entrada e saída de Martins no Palácio da Alvorada entre o pós-segundo turno das eleições de 2022 e a troca de governo em janeiro daquele ano mostram, segundo a PGR, que ele esteve diretamente envolvido nas articulações golpistas conduzidas por Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a organização criminosa. Martins é citado pela PGR em ao menos três reuniões cruciais naquele período.

Gostou da matéria? Compartilhe!

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Email

Últimas em Política

publicidade

Mais lidas no TNOnline

publicidade

Últimas do TNOnline