O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira, 1º, que o Brasil superou "ciclos de atraso" e o papel da Corte máxima é "impedir a volta ao passado". A afirmação foi feita após o magistrado destacar como a história do Brasil é marcada, do início da República até o final do regime militar, por golpes, contragolpes, intervenções militares, rupturas ou tentativas de ruptura da legalidade constitucional.
O ministro usou o panorama histórico e cronológico, dos últimos 100 anos, para abrir seu pronunciamento na abertura da sessão do segundo semestre do Judiciário. É esperado que os discursos tenham um tom de defesa do Judiciário e do ministro Alexandre de Moraes, alvo de sanções impostas pelos Estados Unidos.
"No início da República, até a construção de 1988, o sistema de justiça não conseguiu se opor de forma eficaz às ameaças autoritárias e às quebras da legalidade constitucional. Um pouco da história do Supremo Tribunal Federal. Não foram poucas as ameaças, o desrespeito e as violências", indicou.
Um dos capítulos citados por Barroso foi o da ditadura militar. "Eu e muitos de nós aqui vivemos numa ditadura. Conhecemos pessoas que foram torturadas, conhecemos jornalistas que foram censurados e compositores que tiveram o direito de ser torturados. Que tiveram suas músicas proibidas. Conhecemos pessoas que foram para o exílio, professores que foram arbitrariamente abastados dos seus carros. Muitos de nós ficamos sabendo de fontes seguras, de pessoas que desapareceram, ou melhor, foram desaparecidas", frisou.
"Nós vivemos uma ditadura. Ninguém me contou. Eu estava lá. E por isso, para mim, para muitos de nós, para a nossa geração, o constitucionalismo e a democracia são tão importantes", completou.
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