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No julgamento de Bolsonaro, Brasil enfrenta Trump e próprio passado autoritário, diz 'WP'

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus do "núcleo crucial" da tentativa de golpe, que começa nesta terça-feira, 2, é destaque no jornal The Washington Post (WP), um dos principais dos Estados Unidos. Segundo o The Post, o jul

Juliano Galisi (via Agência Estado)

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Escrito por Juliano Galisi (via Agência Estado)
Publicado em 01.09.2025, 12:18:00 Editado em 01.09.2025, 12:24:37
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O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus do "núcleo crucial" da tentativa de golpe, que começa nesta terça-feira, 2, é destaque no jornal The Washington Post (WP), um dos principais dos Estados Unidos.

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Segundo o The Post, o julgamento do ex-presidente, aliados próximos e militares de alta patente marca uma inflexão na história política do Brasil. É a primeira vez que uma tentativa de rompimento da ordem institucional irá a julgamento. Além da tradição política, há um enfrentamento contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tentou coagir o julgamento com sanções contra o País e o relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Durante décadas, estudei mais de uma dúzia de golpes e tentativas de golpe, e todos eles resultaram em impunidade ou anistia", disse ao The Post o historiador Carlos Fico, um dos principais pesquisadores sobre a questão militar do País. "Desta vez será diferente."

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Na mesma linha, a historiadora Lilia Schwarcz afirmou ao jornal que o julgamento contra Bolsonaro e aliados é "simbólico" por romper um "pacto de silêncio" sobre os militares. Mesmo após a redemocratização, os crimes da ditadura militar nunca foram julgados, em razão de uma Lei de Anistia proposta e aprovada pelo próprio regime em 1979.

O The Washington Post também destacou que o julgamento ocorrerá após uma "ruptura crescente" entre Brasil e Estados Unidos promovida pelo presidente Donald Trump. O governo americano realiza uma investida contra o Brasil desde maio, quando o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o governo Trump avaliava sanções contra Alexandre de Moraes. As tensões se intensificaram a partir de julho, quando o presidente americano manifestou-se contra o que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro, anunciou tarifas adicionais a produtos brasileiros e revogou vistos de autoridades. Além disso, Moraes foi sancionado com base na Lei Magnitsky.

Como mostrou o Estadão, os atos do governo americano contra Moraes foram precedidos por uma campanha de bolsonaristas contra o magistrado no exterior. Embora tenha se intensificado com a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no primeiro semestre deste ano, a campanha já estava em curso desde 2024, quando Moraes entrou em embate com Elon Musk.

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Apesar da investida do governo americano, a ação penal seguiu seu curso. "Em vez de recuar, o Brasil aumentou a pressão sobre o ex-presidente e seus aliados", destacou o The Post. "A Polícia Federal do Brasil indiciou (Jair) Bolsonaro e seu filho, Eduardo, citando as repetidas reuniões do deputado federal com funcionários da Casa Branca, onde ele incentivou medidas punitivas contra o Brasil".

A tarifa de 50% imposta pelos EUA a produtos brasileiros impactou a ação penal em que Bolsonaro é réu. Moraes considerou que as tarifas demonstravam uma tentativa de coação do curso do processo e impôs medidas cautelares a Bolsonaro. Após o descumprimento reiterado da restrição de uso de redes sociais, o ex-presidente teve a prisão domiciliar decretada em 4 de agosto.

"Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro", disse Alexandre de Moraes em entrevista ao The Washington Post publicada em 18 de agosto. "Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido."

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