MAIS LIDAS
VER TODOS

Política

Câmara e Senado barraram pelo menos 224 processos criminais do STF

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal arquivaram pelo menos 224 pedidos de licença prévia feitos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para processar criminalmente congressistas até 2001. Nenhum pedido da Corte avançou. Foram identificados 215 pedidos

Levy Teles (via Agência Estado)

·
Escrito por Levy Teles (via Agência Estado)
Publicado em 28.08.2025, 07:07:00 Editado em 28.08.2025, 07:25:35
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal arquivaram pelo menos 224 pedidos de licença prévia feitos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para processar criminalmente congressistas até 2001. Nenhum pedido da Corte avançou.

continua após publicidade

Foram identificados 215 pedidos derrubados na Câmara e nove no Senado. O levantamento foi feito pelo Estadão consultando as bases de dados das duas Casas.

A licença prévia era um mecanismo que previa que parlamentares só poderiam ser processados criminalmente com o aval da respectiva Casa legislativa.

continua após publicidade

Agora, a Câmara tenta resgatar esse recurso por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). A PEC da Blindagem trata de meios de proteger parlamentares do STF e está na pauta da votação da Casa nesta semana.

Foi também uma PEC, aprovada em 2001, que retirou essa trava que o Legislativo poderia impor a investigações do Supremo.

A PEC é de autoria do ex-senador e ex-deputado Ronaldo Cunha Lima (MDB-PB), proposta em 1995. Na Câmara, essa PEC teve tramitação lenta e chegou a ser travada pelo então presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), em 1999. À época, ele terceirizou a responsabilidade ao líderes partidários.

continua após publicidade

O próprio Lima foi beneficiado pela capacidade do Senado avaliar a licença prévia.

Ele atirou contra o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity em restaurante em 1993. O pedido contra Cunha Lima foi barrado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em 1999. Burity sobreviveu aos tiros e morreu 10 anos depois, vítima de problemas cardíacos.

O caso apenas conseguiu começar a tramitar em 2002, após a mudança constitucional, e o processo foi baixado em 2007, após Cunha Lima renunciar ao mandato de deputado federal naquele ano.

continua após publicidade

O relator do caso no STF à época, ministro Joaquim Barbosa, disse que a renúncia foi um "escárnio" para evitar um processo. "O ato dele é um escárnio para com a Justiça em geral e para com o Supremo Tribunal Federal em particular", afirmou Barbosa. "O gesto dele mostra como é perverso o foro privilegiado. Este homem manobrou e usou de chicanas por 14 anos para fugir do julgamento."

Nesta semana, deputados cogitam não apenas voltar com a licença prévia para barrar processos criminais, mas desejam incluir um duplo grau de jurisdição para políticos. Essa mudança pode ser incluída ou na PEC da Blindagem ou na PEC do fim do foro privilegiado, também prevista na pauta da Câmara.

A ideia traçada pela oposição e deputados do Centrão prevê que parlamentares teriam uma instância para recorrer de decisões judiciais. Hoje, o STF é o responsável por julgar congressistas.

GoogleNews

Siga o TNOnline no Google News

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Política

    Deixe seu comentário sobre: "Câmara e Senado barraram pelo menos 224 processos criminais do STF"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!