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Bolsonaro convoca embaixadores estrangeiros para criticar urnas eletrônicas na 2a

O presidente Jair Bolsonaro marcou para a tarde da próxima segunda-feira, 18, um encontro com embaixadores estrangeiros para levantar dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral brasileiro. Os principais nomes do corpo diplomático acreditado em Brasíl

Felipe Frazão (via Agência Estado)

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Escrito por Felipe Frazão (via Agência Estado)
Publicado em 15.07.2022, 21:56:00 Editado em 15.07.2022, 22:02:37
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O presidente Jair Bolsonaro marcou para a tarde da próxima segunda-feira, 18, um encontro com embaixadores estrangeiros para levantar dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral brasileiro. Os principais nomes do corpo diplomático acreditado em Brasília começaram a ser convidados nesta quinta-feira, dia 15.

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A iniciativa partiu do Palácio do Planalto e não do Itamaraty. O convite de Bolsonaro, assinado pelo cerimonial da Presidência da República, omite o assunto da reunião. "Fui incumbido de convidar vossa excelência para encontro do senhor presidente da República com chefes de missão diplomática a ser realizado às 16 horas de 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada", diz a convocação. O chanceler Carlos França deve participar.

Os embaixadores, no entanto, já sabem das intenções de Bolsonaro. Na semana passada, o presidente anunciou que convocaria os embaixadores para tentar convencê-los de suas teses sobre as urnas eletrônicas. O encontro também servirá para um contraponto do presidente à decisão do ministro Edson Fachin, presidente da Justiça Eleitoral, de ampliar a presença de missões estrangeiras como observadoras das eleições gerais, a contragosto do Planalto. E a palestras do próprio Fachin e do ministro Luís Roberto Barroso no exterior, nas quais alertaram sobre riscos de ruptura democrática no Brasil.

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Representantes de países europeus confirmaram presença, entre eles os embaixadores da França, de Portugal e da Suíça. Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos também devem enviar seus representantes ao Alvorada. Os embaixadores não devem se manifestar durante o encontro, tampouco depois.

Países sul-americanos também foram convidados, como Colômbia e Equador, cujos governos de direita são alinhados a Bolsonaro. Diplomatas de países vizinhos, como Chile e Argentina, governados pela esquerda, diziam que ainda não tinham recebido convite.

Reservadamente, embaixadores admitem o estranhamento com o plano do presidente de denunciar supostas fraudes em eleições passadas, nunca comprovadas, e criticar o uso de um sistema de votação pelo qual se elegeu e que tem mecanismos de segurança reconhecidos internacionalmente.

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Eles dizem, porém, que foi igualmente incomum terem sido convocados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para uma audiência sobre as eleições, em maio. Por terem ido ao encontro de Fachin, integrantes da União Europeia dizem que agora se sentem compelidos a atender ao chamado de Bolsonaro.

Naquela ocasião, 68 diplomatas compareceram à Justiça Eleitoral e ouviram de Fachin que "arremessos populistas" de líderes políticos na América Latina geram "acusações levianas de fraude, que conduzem a semanas de instabilidade política no período pós-eleitoral". Bolsonaro acusou o ministro de usurpar funções do Executivo e de se imiscuir nas relações internacionais. O presidente acusou Fachin de "estupro à democracia".

Power-Point

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A expectativa dos diplomatas é assistir a uma apresentação de Power-Point, como outras que a Presidência e o Ministério da Defesa já apresentaram, com supostas ameaças ao sistema de votação eletrônica e vulnerabilidades. A ofensiva do Planalto na seara da política externa coincide com o aumenta da pressão pública das Forças Armadas por mudanças no processo de fiscalização das eleições, com a inclusão de um teste de integridade nas seções eleitorais, no dia 2 de outubro, que usa uma segunda urna-teste e cédulas de papel, definidas pelos militares como um processo de "votação paralela".

Segundo dois embaixadores europeus, o encontro servirá para ouvir os argumentos do presidente, inclusive para informar a suas respectivas capitais os planos dele. "Ouvimos os argumentos de um lado e agora vamos ouvir os do outro", justificou um embaixador, sob anonimato.

A ideia de que pode haver uma tentativa de golpe de Estado no Brasil começou a ser reportada em telegramas e relatórios por missões diplomáticas ao exterior no ano passado, como mostrou o Estadão. A insistência do presidente em desacreditar as urnas deixou diplomatas em alerta.

O presidente Bolsonaro tem insistido em levantar dúvidas sobre o processo eleitoral num discurso que tem sido interpretado como uma tentativa de não reconhecer o resultado das eleições, caso perca a disputa para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Lula aparece como virtual eleito segundo as pesquisas de intenção de voto.

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