Projeto quer que bares destruam garrafas de destilados após consumo
Proposta do deputado estadual Ademar Traiano (PSD) protocolada na Assembleia Legislativa do Paraná
Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) visa instituir uma medida rigorosa para combater a crescente falsificação de bebidas alcoólicas destiladas, prática que tem resultado em casos graves de intoxicação por metanol e mortes no país. A proposta, de autoria do deputado estadual Ademar Traiano (PSD), obriga bares, restaurantes, casas noturnas a inutilizarem as garrafas e embalagens de bebidas destiladas após o consumo.
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Denominado "Selo Bebida Segura", o projeto visa cortar a principal via utilizada por criminosos: a reutilização de embalagens originais para o envasamento clandestino e adulteração de produtos, muitas vezes adicionados de substâncias altamente tóxicas.
Segundo a justificativa do projeto, a reutilização das garrafas originais facilita a circulação de produtos falsificados que são altamente nocivos à saúde. O texto destaca que substâncias como o metanol — um álcool industrial perigoso — são frequentemente usadas nesse processo, podendo causar consequências devastadoras, como cegueira, falência múltipla de órgãos e até a morte do consumidor.
O deputado Traiano enfatizou o caráter preventivo da proposta, que ele classifica como de baixo custo e de grande impacto social.
"É uma ação simples, mas fundamental para salvar vidas. Já sabemos que os falsificadores reutilizam as garrafas para levar ao engano. Além disso, o projeto estimula práticas sustentáveis e reforça a confiança entre comerciantes e consumidores", afirmou o deputado.
"Selo Bebida Segura"
O Projeto de Lei (PL) estabelece que a inutilização deve ocorrer no próprio estabelecimento, logo após o esgotamento do conteúdo, e pode ser feita por meio de perfuração da garrafa, corte ou esmagamento do gargalo, ou outro procedimento eficaz que impeça o reuso. A medida se aplica a bebidas destiladas com teor alcoólico superior a 20% em volume, como uísque, vodca, cachaça, gin e rum.
Além da inutilização obrigatória, o projeto de lei determina que as embalagens devem ter uma destinação ambientalmente correta, com separação e recolhimento para reciclagem, em conformidade com a legislação de resíduos sólidos.
O projeto prevê a criação do "Selo Bebida Segura", um certificado de validade anual concedido pelo Poder Executivo aos estabelecimentos que comprovarem o cumprimento integral da lei, incluindo a inutilização e a correta destinação das embalagens. O selo serviria como um reconhecimento de responsabilidade e um reforço da confiança do consumidor.
Penalidades e fiscalização
Em caso de descumprimento, a proposta prevê multas severas. Os valores podem variar entre 2.000 (R$ 2.000,00) a 5.000 (R$ 5.000,00) Unidades Padrão Fiscal do Paraná (UPF/PR), conforme a gravidade da infração e a reincidência. Em casos de reincidência grave, o estabelecimento pode ter a suspensão temporária ou definitiva da licença de funcionamento.
O projeto segue agora para a análise das comissões temáticas da Assembleia Legislativa do Paraná. Se aprovado pelos deputados e sancionado pelo governador, o Poder Executivo terá um prazo de 60 dias para regulamentar a lei.