Homem encontrado morto em Icaraíma (PR) estava com RG no tênis: "presumia morte"
Declarações de óbito apontam que homens sofreram politraumatismo e afundamento de crânio além de tiros
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Um dos quatro homens encontrados mortos em Icaraíma, no noroeste do Paraná, estava com um documento de identificação escondido no tênis. O corpo de Rafael Juliano Marascalchi, de 43 anos, foi localizado com o RG escondido no calçado. Para a advogada das vítimas, Josiane Monteiro, a presença do documento reforça a tese de que os quatro homens assassinados durante a cobrança de uma dívida na cidade foram rendidos antes do crime e podem ter sofrido uma emboscada.
-LEIA MAIS: Declarações de óbito apontam espancamento antes de mortes em Icaraíma (PR)
Em entrevista ao TNOnline nesta quarta-feira (24), a advogada afirma que a família não descarta a hipótese de o quarteto ter sido levado a um cativeiro e torturado antes da execução. Segundo Josiane, as declarações de óbito do Instituto Médico Legal (IML) revelam que três das quatro vítimas sofreram lesões e traumas antes da morte, incluindo um caso de afundamento de crânio.
Os corpos de Robishley Hirnani de Oliveira, 53, Rafael Juliano Marascalchi, 43, Diego Henrique Afonso, 39, e Alencar Gonçalves de Souza, 36, foram localizados no dia 19 de setembro, em uma cova clandestina, 44 dias após o desaparecimento. Conforme as declarações de óbitos, as causas de morte de três vítimas foram traumatismo cranioencefálico, politraumatismo e ferimentos por arma de fogo.
A confirmação definitiva sobre a causa das mortes só será possível com a conclusão dos laudos de necropsia. Ainda assim, o estado de conservação dos corpos chamou a atenção. Apesar de mais de um mês de desaparecimento, a condição sugere duas possibilidades: que as vítimas tenham sido mantidas em cativeiro por parte do período, ou que as características do local onde foram enterradas — área arenosa e sob sombra — tenham contribuído para a preservação, segundo explicou a advogada.
"A declaração de óbito mostra que eles sofreram diversos traumas e existe a possibilidade de que eles tenham sido agredidos com barras de ferro ou pedaços de pau antes dos tiros, tanto que um deles tinha um aprofundamento de crânio, o que mostra a brutalidade do crime", disse a advogada Josiane Monteiro ao TNONline nesta quarta-feira.
Segundo a defensora, a presença do RG de Rafael Juliano Marascalchi no tênis pode significar que ele tenha previsto o desfecho e buscado garantir sua própria identificação. “Nós presumimos que talvez ele tivesse colocado o RG dentro do tênis para facilitar sua identificação, já imaginando que ele pudesse vir a ser morto naquele momento”, disse a advogada.
Além disso, pertences como alianças e relógios não estavam com os corpos quando chegaram ao IML, reforçando a suspeita de que os objetos tenham sido retirados pelos criminosos para dificultar o reconhecimento.
Conflito por terra
De acordo com a Polícia Civil, o crime está ligado a uma negociação de terras. Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma e uma das vítimas, havia comprado uma propriedade de Carlos Henrique Buscariollo por cerca de R$ 1 milhão. Embora a negociação não tenha sido concluída, Alencar já havia pago R$ 255 mil de entrada.
Com a desistência da compra, a posse do terreno voltou para a família Buscariollo, e Alencar passou a cobrar a restituição do valor. O acordo previa o pagamento em 10 parcelas de R$ 25 mil, mas houve atrasos. Para pressionar os devedores, ele contou com o apoio de Rafael, Robishley e Diego, que atuavam como cobradores em São Paulo.
No dia 5 de agosto, após um encontro marcado com Paulo e Antônio Buscariollo — pai e filho apontados como principais suspeitos —, os quatro desapareceram. Dias depois, a picape da família Buscariollo foi apreendida com outro homem, que acabou preso. Um segundo suspeito também foi detido por supostamente fornecer as armas usadas na emboscada.
Segundo a advogada, em momento algum as vítimas demonstraram temer pela vida durante a cobrança da dívida. “Eles acreditavam que seria uma cobrança rápida e simples. Nem levaram roupas, porque acreditavam que iriam chegar, receber e voltar para casa”, relatou a advogada.
Investigações em andamento
Paulo e Antônio Buscariollo seguem foragidos, com mandados de prisão em aberto. A Polícia Civil também apura a participação de outras pessoas no crime.
Em nota, a PC-PR informou ao TNOnline que aguarda a conclusão dos laudos periciais. O inquérito tramita sob sigilo, medida adotada para garantir a segurança das testemunhas, já que os suspeitos são considerados de alta periculosidade.
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