Frio pode ter causado explosão mortal em fábrica no Paraná

Peritos apontam que a explosão que matou nove pessoas em uma fábrica de explosivos em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, pode ter sido influenciada pelas baixas temperaturas registradas na manhã do acidente. Segundo investigadores, o frio afetou o comportamento do pentolite, um explosivo produzido na unidade e utilizado em detonadores, composto por TNT e nitropenta, conhecido por sua extrema sensibilidade a variações climáticas.

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O pentolite é considerado seguro de manusear acima de 85 ºC, quando permanece líquido. No entanto, abaixo de 70 ºC, o material começa a se solidificar e se torna perigosamente sensível à fricção. Na manhã da explosão, os termômetros marcavam apenas 3 ºC em Quatro Barras, o que, segundo os peritos, pode ter sido determinante para o acidente.

“O que acreditamos que tenha acontecido é justamente essa baixa temperatura do dia ter contribuído com a solidificação do explosivo, e o processo de aquecimento não ter sido eficiente. Isso pode ter gerado uma fagulha por atrito entre as pás do agitador e o explosivo solidificado”, explicou o perito Jerry Cristian Gandin.

O laudo aponta ainda que fenômenos semelhantes já ocorreram internacionalmente. Em 1998, nos Estados Unidos, o pentolite solidificou-se devido ao frio em uma planta de Nevada e provocou uma explosão quando o misturador foi ligado, reforçando a relação entre temperatura e risco do material.

Apesar da influência do clima, a delegada responsável pelo caso ressalta que o acidente não foi causado por um único fator. “Como toda fábrica, existem intercorrências, falhas de equipamento e falhas humanas. Mas nenhuma dessas falhas, quando considerada isoladamente, seria suficiente para causar um acidente desse porte”, afirmou.

O Ministério Público e o Exército acompanham as investigações, e uma reunião com peritos deve definir os próximos passos para esclarecer todas as causas do desastre.

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