Dias após chorarem morte de criança no PR, socorristas atendem parto na mesma rodovia
Seis dias depois de tragédia que matou menino de 6 anos, equipe da PR-418 auxilia no nascimento de Ayla Maria

Seis dias após o trágico acidente que vitimou Miguel Francisco Fioresi, de 6 anos, em uma batida entre caminhões na PR-418, em Curitiba, a equipe de socorristas da Via Araucária viveu um momento de alegria: o atendimento ao nascimento de Ayla Maria, na terça-feira (21).
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A equipe, formada pela enfermeira Cíntia Aparecida Fabiano, o motorista socorrista Fernando Basso e o médico David Valero, realizou seu primeiro parto na rodovia.
“Perder uma vítima nunca agrada uma equipe. São vidas. Lidar com isso todos os dias é pesado. Mas o contraponto desse momento triste foi a vida que acabou de nascer em nossas mãos. Foi uma alegria e tanto, e um incentivo para continuar salvando mais gente”, disse Fernando Basso.
A repercussão do acidente anterior, em 15 de outubro, fez com que a população conhecesse o lado humano dos socorristas. “Serviu para mostrar que por trás da farda há pessoas com família, com filhos, que sentem a emoção de cada ocorrência. Estamos aqui para contemplar a vida e fazer sempre o nosso melhor”, afirmou a enfermeira Cíntia.
O nascimento de Ayla Maria estava previsto para o dia 31 de outubro, mas a bolsa estourou na terça-feira (21). Sem saber como agir, a mãe, Maria Aparecida Neves Chaves, acionou a avó, Elenilza Neves, e um carro por aplicativo. Durante o trajeto, a avó deu suporte à filha enquanto o motorista conseguiu chamar a atenção da polícia para abrir caminho no trânsito.
Os socorristas da Via Araucária foram acionados e acompanharam o nascimento no veículo. A mãe também descobriu o sexo da criança durante o atendimento. “Deus deu essa bênção para nós de trazer uma vida ao mundo. Foi um atendimento totalmente diferente e muito especial”, comentou Maria Aparecida.
Nesta quinta-feira (23), a equipe manteve contato com a família por chamada de vídeo. Durante a conversa, foram acionados para outra ocorrência: um motociclista com ferimentos leves. O médico David Valero comentou sobre a rotina de alto estresse da equipe: “Temos que estar preparados para tudo, a qualquer momento.”
O episódio mostra o lado humano do trabalho dos socorristas e como eles lidam com situações de extrema tristeza e, em seguida, momentos de alegria e esperança.
