Categoria EF3 e ventos de 250 km/h: entenda o tornado que destruiu cidade no PR

O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou neste sábado (08) que o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, foi da categoria EF3 na escala Fujita (que vai até cinco). Segundo o Simepar, os ventos chegaram a 250 km/h. O saldo foi de destruição na cidade de pouco mais de 14 mil habitantes, provocando 6 mortes confirmadas até agora, com mais de 430 feridos. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou estado de calamidade e está no local acompanhando os trabalhos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. Veja abaixo

-LEIA MAIS: Ratinho Junior decreta calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu

"EF3" é a abreviação de "Enhanced Fujita 3". Isso significa que o tornado chegou à classificação 3 na escala Fujita Aprimorada, que é um índice usado para avaliar a intensidade dos tornados com base na destrução causada pelo fenômeno. A escala é utilizada de forma oficial nos Estados Unidos, entre outros países, desde 2007, quando substituiu a escala Fujita original, também chamada de Fujita-Pearson (F). Assim como esta, a EF classifica os tornados em uma escala que vai de 0 (menos intenso) a 5 (mais intenso).

A gerente de Meteorologia do Simepar, Sheila Paz, explicou que o desastre foi resultado de um sistema meteorológico complexo, monitorado em "operação especial" pela equipe desde o início da semana. Um ciclone extratropical originou uma frente fria que, ao avançar pelo estado, encontrou condições atmosféricas ideais para a formação de tempestades severas, conhecidas como "supercélulas".

"Algumas delas [supercélulas] originaram a presença de tornados", afirmou Sheila. A meteorologista detalhou o trabalho técnico para classificar o evento em Rio Bonito do Iguaçu, que inicialmente havia sido estimado como EF2. "Hoje (sábado) cedo, analisando as imagens [dos estragos] enviadas, a gente entende que esse tornado de fato está associado à intensidade de ventos da ordem de 250 km/h, que na escala Fujita representa ali um tornado na categoria EF3."

Uma investigação similar está em andamento para apurar um possível tornado também em Guarapuava, onde um homem de 53 anos morreu.

Veja a manifestação do Simepar, que é instituto de meteorologia do Paraná:

Destruição

Em Rio Bonito do Iguaçu, o evento climático gerou um rastro de destruição. A Defesa Civil estima que 80% da cidade foi destruída. Cinco mortes foram confirmadas no município: três homens (49, 57 e 83 anos) e duas mulheres (47 e 14 anos). Mais de mil pessoas estão desabrigadas.

O meteorologista Samuel Braun, também do Simepar, corroborou a análise, explicando que fatores como o "ambiente atmosférico muito úmido, aquecido" e o "cisalhamento" (diferença de ventos em diferentes altitudes) contribuíram para a formação da supercélula. Braun, com 23 anos de experiência, classificou o evento como o "mais forte que presenciou".

Uma força-tarefa foi mobilizada pelo Governo do Paraná para atender as vítimas. Hospitais da região estão sobrecarregados e leitos em outras localidades foram disponibilizados.

Caminhões com cestas básicas, kits de higiene e dormitório foram despachados de Curitiba, e o Governo Federal articula o envio de ajuda humanitária para as ações de reconstrução. Ministros vão viajar até o Paraná para prestar apoio.

Veja víde de como ficou a cidade