Advogada critica divulgação de fichas criminais dos mortos em Icaraíma
Defesa de três dos quatro homens assassinados criticou a divulgação dos antecedentes criminais das vítimas pela Polícia Civil do Paraná

A advogada Josiane Monteiro, que representa famílias de três homens assassinados em Icaraíma (PR), criticou a divulgação dos antecedentes criminais das vítimas pela Polícia Civil do Paraná (PCPR). Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso - que desapareceram em 5 de agosto e foram encontrados mortos 44 dias depois - tinham extensos registros policiais, conforme revelado pela PCPR.
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"Qual é o motivo da autoridade policial divulgar uma situação como aquela anos e anos depois, querendo induzir a sociedade que aquilo foi fator fundamental pro fato que aconteceu?", questionou a a advogada em entrevista à RPC.
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Ela argumenta que as informações afetam a dignidade das vítimas e suas famílias, ressaltando que alguns processos podem ter sido julgados ou arquivados.
"Nós explicamos [ao delegado] o quanto essa informação acabou não só afrontando a dignidade e a honra dessas pessoas que se foram, mas também da família. [...] Qual é o motivo da autoridade policial divulgar uma situação como aquela, anos e anos depois, querendo induzir a sociedade que aquilo foi fator fundamental pro fato que aconteceu?", completou.
Fichas criminais divulgadas pela Polícia Civil
Diego Henrique Affonso
2024: ameaça (Lei Maria da Penha) e estelionato
2023: estelionato, ameaça e redução à condição análoga à de escravo
2022: ameaça e estelionato
2021: estelionato, difamação, ameaça e injúria
2019: apropriação indébita
2018: ameaça
(Não chegou a ser preso)
Rafael Juliano Marascalchi
2025: ameaça
2023: exercício arbitrário das próprias razões
2022: exercício arbitrário das próprias razões
2018: ameaça
2017: ameaça (Lei Maria da Penha)
2014: ameaça
2008: tráfico de drogas e associação para o tráfico
2007: tráfico de drogas
2005: tentativa de homicídio
(Preso em 2005, 2007, 2008 e 2010)
Robishley Hirnani de Oliveira
2018: dano, estelionato e ameaça
2017: estelionato
2016: ameaça, exercício arbitrário das próprias razões, ameaça (Lei Maria da Penha), lesão culposa no trânsito com fuga e estelionato
2015: estelionato
2014: embriaguez ao volante, estelionato e ameaça
2013: ameaça (Lei Maria da Penha) e crime ambiental
2003: furto qualificado
(Preso em 2022)
A Polícia Civil justificou a divulgação como necessária para investigar possível envolvimento das vítimas com o crime organizado, já que apurações indicam que a dívida cobrada poderia envolver "negócios ilícitos entre as partes". A quarta vítima, Alencar Gonçalves de Souza, não possuía antecedentes criminais.
Cronologia do caso dos cobradores de Icaraíma
Os quatro homens assassinados em Icaraíma viajaram de São José do Rio Preto (SP) no dia 4 de agosto para cobrar uma dívida de R$ 255 mil referente à venda de uma propriedade rural. O grupo era formado por Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso - profissionais com 13 anos de experiência em cobranças - e Alencar Gonçalves de Souza, ex-proprietário do imóvel.
A última aparição
No dia 5 de agosto, às 10h, os quatro foram registrados por câmeras de segurança em uma padaria de Icaraíma. Este foi o último registro deles com vida. Por volta do meio-dia, cessaram o contato com as famílias.
Os suspeitos
Antonio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo (pai e filho), compradores da propriedade rural, tornaram-se principais suspeitos. Após prestarem depoimento em 6 de agosto, desapareceram com toda a família. A polícia acredita em uma emboscada durante a segunda tentativa de cobrança.
Descoberta dos corpos
Em 18 de setembro, os corpos foram encontrados com marcas de tiros a 650 metros do local onde a picape das vítimas estava escondida em um bunker. O veículo apresentava marcas de sangue e impactos de projéteis. A localização foi obtida através de carta anônima e informante.
A dívida
A dívida de R$ 255 mil correspondia a dez notas promissórias de R$ 25 mil cada, nenhuma quitada. A defesa dos Buscariollo nega envolvimento, argumentando que a localização dos corpos em propriedade de terceiros reforçaria sua inocência. O caso continua sob investigação da Polícia Civil do Paraná.
