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Martine Grael lidera barco com mulheres em Ilhabela e presença feminina é recorde

A 49ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela começa neste sábado com destaque para a participação feminina. Três barcos serão comandados por mulheres, sendo dois com tripulação total e um com três representantes. As atenções estarão dirigidas para o car

Fábio Hecico (via Agência Estado)

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Escrito por Fábio Hecico (via Agência Estado)
Publicado em 22.07.2022, 10:49:00 Editado em 22.07.2022, 10:54:48
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A 49ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela começa neste sábado com destaque para a participação feminina. Três barcos serão comandados por mulheres, sendo dois com tripulação total e um com três representantes. As atenções estarão dirigidas para o carioca Danadão, que terá a bicampeã olímpica Martine Grael na proa, ao lado da amiga Gabriela Nicolino (campeã pan-americana), além de Gabriela Kidd, Amanda Rodrigues, Luciana Kopschitz, Isadora Del Ri, Raquel Hora e Ana Carolina Roth.

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A competição não é novidade para o Danadão. O veleiro já competiu em Ilhabela em outros anos, mas com tripulação apenas formada por homens. Desta vez serão oito mulheres das 21 que estarão na disputa. Martine aceitou o desafio para promover e incentivar a vela nacional. "Comandar um barco com pessoas conhecidas, e eu conheço a Amanda e a Gabi Nicolino, e as outras meninas também um pouco, torna um grande prazer velejar juntas", afirma Martine. "Não tenho nenhum receio de viajar com elas e acho que faremos uma grande tripulação e uma grande diversão essa semana", aposta, reconhecendo que a falta de trabalhos juntos pode dificultar as ações.

"Vamos para a água com a tripulação não muito treinada. Mas tivemos alguns dias juntas, o que foi bom", festeja Martine. "Meu objetivo em vir correr a Semana de Vela de Ilhabela, deixando para trás um pouco o nosso calendário, é porque respeito a vela profissional feminina", diz. "O Brasil está muito atrás em relação ao resto do mundo. E em relação à vela profissional é bem atrasado. Para mim é muito importante prestigiar as competições nacionais."

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Nicolino festeja parceria de anos com Martine, mas também não esconde a preocupação pela falta de experiência com o Danadão. A tripulação ainda se adapta ao barco. "Como esse é um barco maior e teremos mais tripulantes, ainda estamos dividindo as funções", admite. "Mas conheço a Martine de uma vida inteira. Velejamos juntas desde o Optimist (classe de entrada na Vela) e sempre tivemos ótimas experiências correndo em Ilhabela."

Serão 115 barcos na disputa em Ilhabela, representando 43 clubes de vela do País, além de seis argentinos, espalhados em oito classes: ORC, BRA-RGS, C-30, HPE-25, Clássicos, Bico de Proa, Mini e Multicasco. A competição vai até o dia 30 de julho.

Campeã nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e Tóquio-2020, Martine celebra a rara oportunidade de disputar uma competição com a família Grael unida. Mesmo em barcos separados em Ilhabela. Em sua classe, a ORC, estarão o tio, Lars, e o irmão, Marco. Sua mãe, Andrea, concorre pela BRA-RGS, enquanto o pai, Torben, figura na Clássicos.

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"Estou muito contente por reunir a família, raramente acontece e agora estão os quatro juntos, então é bem legal. Estamos comemorando ter uma data para nos reunir", fala Martine. "Passamos tanto tempo fora que a oportunidade de nos sentirmos pertinho já é bom. Além disso, não existe nenhuma rivalidade entre nós. E super respeito meu irmão como velejador. Não é fácil seguir a carreira na vela no Brasil."

Antes de ser estrela mundial e ganhar as duas medalhas olímpicas, ela participou da Semana Brasileira de Vela, quando tinha somente 16 anos. E não esconde o apreço pela mãe, sua inspiração.

"Minha mãe é muito referência para mim, principalmente como ela é ligada nos valores dela e muito pouco influenciável pelo que outras pessoas pensam. Isso é maravilhoso, principalmente a dedicação que ela tem para a educação ambiental e pela paixão pelo mar, por velejar", elogia Martine. "É uma das mais apaixonadas da família, fica doente se ficar muito tempo longe do mar e então, de certa forma, puxei um pouco isso dela. No barco ela sempre buscou ser uma pessoa útil, que contribui para a equipe, participa das tripulações."

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Andrea Grael também festeja a reunião familiar. "É sempre muito bom quando conseguimos estar juntos. Falamos de tudo um pouco, mas o que menos conversamos é sobre vela. Reunir a família na Semana de Vela de Ilhabela tem um significado especial porque é a maior competição de vela do Brasil e uma das maiores da América Latina", comemora Andrea, a mãe coruja. "Chegamos em Ilhabela na sexta-feira (15 de julho), no dia do aniversário do Torben, mas ainda não temos nada planejado para a comemoração. O importante é que vamos estar juntos. E vale destacar que esse ano vamos ter um número maior de mulheres competindo e, pelo menos, duas embarcações 100% femininas. Eu vou estar no Rudiá 1, enquanto a Martine vai comandar o Danadão".

INCENTIVADORA

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O aumento significativo das mulheres nas provas de vela do Brasil tem como incentivadora justamente Andrea Grael, que sempre estimula quem pretende participar das provas e não tem coragem a deixar o medo de lado. Ela prevê um enorme sucesso da atual edição da competição em Ilhabela por causa desta presença maciça feminina.

"A participação das mulheres tem melhorado bastante no Brasil, mas ainda tem um pouco de ranço dessa coisa das mulheres velejando. Sempre é bom ter tripulação feminina nas regatas em barcos de oceano. E serve de exemplo para muitas mulheres que, no passado, ficavam nos clubes enquanto os maridos iam velejar", adverte Andrea. "Nos últimos anos eu tenho estimulado a participação feminina. Quando a mulher participa de regata ela se diverte, porque velejar é bom demais. Quanto mais mulheres conhecerem a modalidade, mais estarão presentes no esporte", observa.

No Rudiá 1, Andrea Grael terá a companhia de Valeria Ravani, Cristina Lueth, Renata Belotti, Isabela Malpigh, Mila von Beckerath, Katyana Zednik, Marcia Sato e Karina Zacharia, além da comandante Daniela Sanchez, que também exalta a forte presença das mulheres no evento.

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"Participar do maior evento de vela da América Latina com uma equipe 100% feminina e saber que somente outra equipe atinge este requisito é um sinal muito claro de que precisamos mostrar para as mulheres que este esporte é para todas e todos", enfatiza Daniela Sanchez, proa do Rudiá 1. "Nossa expectativa é estimular mais mulheres a velejar, vamos trazer tripulantes mirins conosco e assim mostrar para as novas gerações este esporte tão saudável.

TIME MISTO E UMA COMANDANTE

Outro veleiro na classe ORC, Minna terá sete homens, mas será comandado por uma mulher, Elisa Mirow, pela primeira vez na função e responsável por montar a tripulação. "Seremos três mulheres, eu, a Malu e a Viviane Castro, as duas ficarão na proa. Tive muita dificuldade, no começo queria ter colocado mais mulheres, mas quem eu convidei tinha outros planos e infelizmente não deu. Mas seremos três ao menos."

Elisa não esconde que foi duro ser reconhecida como uma líder de embarcação e festeja o posto. "No início, foi difícil ser reconhecida com essa patente, porque infelizmente ainda é natural achar que a voz de comando é masculina. Mas estamos aqui para quebrar tabus e minha missão é fazer com que o natural, que é ter também mulheres no comando de um barco, não seja estranho", afirma, empolgada por estar em uma disputa com Martine e Nicolino.

"Estar ao lado dessas duas feras que representam o esporte mundialmente e levam o nome Brasil para o pódio é uma grande honra. Sem dúvidas eleva muito o nível da competição", reflete.

Os 10 velejadores do Minna serão do Rio. O plano é ter um dia livre em Ilhabela para ajustar o barco. "Participar da Semana de Ilhabela é um processo de melhoramento de minha velejada e de comandante. Eu compito com meu barco há cinco anos, em 2020 participamos na Santos-Rio, tiramos um terceiro lugar, foi muito bom. Em 2021 eu queria participar em Ilhabela, mas não deu por causa de logística e ficou no plano realizar em 2022."

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