Leia a última edição
--°C | Apucarana
Euro
--
Dólar
--

Entretenimento

publicidade
ENTRETENIMENTO

Artistas e diretores de museus criticam fusão das pastas de Cultura e Educação

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Telegram
Siga-nos Seguir no Google News
Grupos do WhatsApp

Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline

CAROL PRADO E SILAS MARTÍ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Escritores, músicos, dramaturgos e artistas visuais ouvidos pela reportagem da Folha de S.Paulo reagiram mal à fusão dos ministérios da Educação e da Cultura no recém-formado governo de Michel Temer.
"Nós estamos todos desolados. Vamos trabalhar para tentar reverter isso", disse o músico Frejat. "É muito ruim para cultura brasileira. Essa visão de que educação e cultura andam juntas é ultrapassada. Todos que conhecem bem a parte orçamentária já falaram que a economia que será feita com a incorporação não se justifica. É trágico para todas as áreas artísticas."
Ricardo Lísias, autor de "O Céu dos Suicidas", também lamenta a decisão. "É um horror. Considero esse governo ilegítimo e para o qual a ideia de cultura deve parecer algo alienígena", diz o escritor. "A cultura é um elemento crítico, algo que esse governo demonstra que quer afastar. Acredito a arte mais complexa e sofisticada, pouco ligada ao mercado, que precisa de apoio, é a que mais vai sofrer."
No plano institucional, diretores de museus e centros culturais, no entanto, fazem uma avaliação mais ponderada da fusão dos ministérios. "Acho que pode funcionar dos dois jeitos", diz o presidente do Masp, Heitor Martins. "Depende do mandato, da verba, das pessoas."
Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake e ex-secretário municipal e estadual da Cultura em São Paulo criticou a decisão do ponto de vista administrativo, mas acredita que a junção das áreas pode resultar em mais verbas.
"É um atraso para o Brasil", afirma. "Na parte prática, é preciso organizar o Ministério da Educação de tal forma que o valor da Cultura seja pelo menos igual ao que está sendo hoje, mas o melhor é que aumentasse, aproveitando que o Ministério da Educação tem muito dinheiro."
Um possível problema, no entanto, é que as pautas da Cultura acabem sendo engolidas por uma pasta muito maior, medo que reflete a visão de alguns artistas visuais.
"O perigo no Brasil é a cultura ter a mesma atenção da educação e vice-versa, porque se for para continuar a mesma coisa mais compactada é trocar seis por meia dúzia", diz Cildo Meireles. "Num primeiro momento, vamos pagar para ver. Espero que ambas as áreas funcionem."
Mais radical, Ernesto Neto critica a formação do governo Temer como um todo. "Acho que o ministério do Temer representa a deformação cultural que estamos vivendo. Não representa o Brasil. Não tem o negro, o índio, a mulher e o caboclo. Um ministério assim só tivemos no governo Geisel, é um retrocesso profundo."
Ele diz ainda que a junção dos ministérios da Cultura e da Educação equivale a um "massacre cultural". "Poderiam até juntar os ministérios se houvesse um ministro excepcional", afirma. "Mas essa ação do novo presidente é uma confirmação dessa deformação cultural empurrada goela abaixo do brasileiro à base de cassetete, spray de pimenta."
Nesse ponto, a classe artística também criticou o afastamento de Dilma Rousseff de modo geral. "Fiquei apreensivo com o que vai acontecer daqui para a frente", diz o escritor Zuenir Ventura.
"É importante que a gente perceba que foi a esquerda quem convidou os vampiros para entrar em casa", diz o dramaturgo Felipe Hirsch. "O PT está colhendo o fruto de erros."

Gostou da matéria? Compartilhe!

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Email

Últimas em Entretenimento

publicidade

Mais lidas no TNOnline

publicidade

Últimas do TNOnline