Escritor perseguido no Azerbaijão é barrado em ida a festival literário
NATÁLIA PORTINARI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O escritor Akram Aylisli, 78, foi barrado no aeroporto de Baku, capital do Azerbaijão, nesta quarta (30). Ele estava a caminho do festival literário Incroci di Civilità, em Veneza (Itália).
Aylisli sofre ameaças desde 2012, quando escreveu "Das yuxular" ("Sonhos de Pedra"), abordando o conflito entre a Armênia e o Azerbaijão nas décadas de 1980 e 1990. O escritor, que é azeri, criticou os massacres cometidos pelo Azerbaijão contra o povo armênio e propôs relações de paz entre as duas nações vizinhas.
Assim que o livro foi lançado, uma multidão furiosa se reuniu em frente à casa de Aylisli, queimando fotos do escritor. Seus livros foram incinerados e sua mulher e seu filho perderam seus empregos, relatou o escritor ao site "Index". Premiado e cultuado pelo público até então, ele perdeu o título de Escritor do Povo e chegou a sofrer ameaças de que sua orelha seria cortada fora. Desde então, ele diz ser "banido automaticamente de tudo sob o controle do Estado".
O festival Incroci di Civilità acontece desta quarta (30) à sexta (1º). Na quinta (31), haveria uma palestra com o escritor. Procurada pela reportagem, a organização do evento diz que, por enquanto, mantém a programação.
"Esperamos que a situação possa se resolver de maneira positiva e que o autor possa comparecer ao nosso Festival Internacional, que sempre promoveu a liberdade de expressão e o diálogo entre culturas", afirma o Incroci di Civilità.
Aylisli se comunicou através de sua mulher, Galina Aylisli, e de seu filho, Nacaf Naibov. Os dois relataram à imprensa local que o escritor estava detido no aeroporto. Não há ainda previsão de quando Aylisli será liberado.
