Neschling e secretário de comunicação são citados em investigação no Municipal
GUSTAVO FIORATTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O maestro John Neschling e o atual secretário de comunicação da Prefeitura de São Paulo, Nunzio Briguglio Filho, foram citados nominalmente em investigação do Ministério Estadual sobre esquema de corrupção no Theatro Municipal.
Eles teriam participação em esquema que inclui desvio de recursos, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras, segundo delação premiada do ex-diretor geral da casa, José Luiz Herência, que é investigado desde dezembro.
O teor do depoimento foi adiantado pelo jornal "O Estado de S.Paulo" nesta quinta (17). A Folha apurou que a delação foi realizada entre o fim de fevereiro e o início deste mês. O Ministério Público confirmou a informação e diz que Neschling está sendo investigado e será chamado a depor. Sobre Nunzio, o promotor Arthur Lemos, responsável pelo caso, diz que ainda não decidiu sobre sua investigação.
Suspeito por lavagem de dinheiro e superfaturamento de óperas, Herência teve bens apreendidos pela Justiça em janeiro. Na delação, que ainda não foi homologada, ele conta que o maestro e Nunzio teriam sido beneficiado por acordos com o agente cultural argentino Valentin Proczynski. As acusações são de irregularidades em sua contratação para produzir diversos espetáculos, entre os quais um trabalho do grupo catalão Fura Dels Baus, que deveria ter sido apresentada no ano passado e passou para a programação de 2016.
Também ficou sob suspeita o projeto "Alma Brasileira", realizada junto ao Ministério da Cultura e que inclui a apresentação no Municipal de um espetáculo multimídia com a Orquestra Sinfônica de São Paulo. A peça estava orçada em parcelas que totalizam R$ 1 milhão, com autorização de Neschling, que é diretor artístico da casa. A primeira delas foi paga em março de 2015.
O maestro recusou dar entrevistas sobre o assunto. A reportagem também procurou Briguglio Filho nesta manhã, mas não o encontrou.
