Política esquenta a Bienal do Livro do Rio neste domingo
MARCO RODRIGO ALMEIDA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A política esquentou a Bienal do Livro do Rio na tarde deste domingo (6).
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e o cientista político César Benjamin conversaram sobre a crise do governo e as possíveis saídas para o impasse.
O encontro no Café Literário foi um dos poucos da Bienal com forte presença do público adulto. Muitas pessoas não conseguiram senha e ficaram do lado de fora do espaço.
Um dos fundadores do PT, do qual se desfiliou em 1995, Benjamin fez duras críticas ao partido.
"A história do governo do PT é a história de erros sucessivos. A ideia de um novo ciclo de desenvolvimento foi dirigida a uma política de incentivo ao consumo individual."
"O PT pode vir a completar 16 anos de governo sem ter feito nenhuma reforma estrutural. Apenas aproveitou uma conjuntura internacional favorável para aumentar o consumo", comentou Benjamin.
Por essa razão, julga que o governo petista foi, na realidade, conservador.
"Minha hipótese é de que o lulismo foi um movimento conservador. Ele reduziu a dimensão da ideia generosa de justiça social a um aumento do consumo individual."
Ele afirmou ainda que o PT "cometeu um erro que ninguém pode cometer" -atentou contra as instituições republicanas ao fazer o loteamento do Estado entre os partidos aliados.
Wyllys argumentou que esperava que a face do Congresso mudasse após as manifestações de 2013, mas que isso não ocorreu.
Brincando com o título de seu livro ("Tempo Bom, Tempo Ruim"), afirmou que no Congresso o tempo é muito ruim.
"A bancada BBB [boi, bala e Bíblia] está muito articulada para retroceder as conquistas da Constituição de 1988", disse o deputado, que já venceu outro "BBB", o reality show da TV Globo, em 2005.
Wyllys realçou que a crise é estrutural e vai muito além do próprio governo federal.
"A crise política que tem o PT como protagonista fez emergir um escroque como Eduardo Cunha", afirmou.
"Não dá para achar que o Aécio Neves tem verdadeira moral para fazer crítica ao PT", completou depois, sob fortes aplausos.
Apesar dos atuais impasses, ambos afirmaram ser otimistas quanto ao futuro.
Para Wyllys, novas formas de mobilização e participação política, alavancadas pelas redes sociais, ganharam força na sociedade nos últimos anos.
