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Incertezas e catástrofes vão orientar a próxima edição da Bienal de São Paulo

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SILAS MARTÍ
SÃO PAULO, SP - Jochen Volz quer medir o imensurável. Não importa se o mundo explodir atingido por um cometa ou se for sugado para dentro de um buraco negro -a única certeza do curador da próxima Bienal de São Paulo é que a incerteza vai presidir o futuro próximo.
Em tom resignado, e com frieza germânica, o alemão à frente da mostra que começa em setembro do ano que vem traça o diagnóstico de um planeta em autodestruição, atravessado por crises na ética e na política e pela devastação ambiental como um dos pontos de partida de sua mostra.
Mas faltando mais de um ano para a abertura do evento, o tema "medidas da incerteza" soa menos como conceito e mais como óbvia constatação de quem acaba de assumir o comando de uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo.
Volz, que se divide entre Londres e Belo Horizonte, já foi um dos curadores do Instituto Inhotim, no interior de Minas Gerais, e dirige agora a Serpentine, na capital britânica, um dos espaços artísticos mais relevantes do mundo. Também está à frente da retrospectiva da sérvia Marina Abramovic, que abre no mês que vem no Sesc Pompeia.
Mas sua edição da Bienal de São Paulo, orçada em R$ 29 milhões e que terá como curadores-adjuntos a sul-africana Gabi Ngcobo, a brasileira Júlia Rebouças e o dinamarquês Lars Bang Larsen, ainda parece longe de tomar forma.
Tem ecos com temas explorados por bienais recentes -catástrofes climáticas orientaram a última Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, e a destruição do planeta pelo homem na atual era geológica, conhecida como antropoceno, foi assunto da Bienal de Taipé, no ano passado.
Também soa como o oposto do que Volz tentou fazer na Bienal de Veneza de seis anos atrás, que ele organizou com o sueco Daniel Birnbaum. À época, sua mostra falava em construir novos mundos, enquanto agora Volz reconhece a entropia -e a sensação melancólica de fim do mundo- como um leitmotiv central.
"É um índice do fracasso", diz Volz, em português, na primeira entrevista coletiva para anunciar a mostra. "A entropia determina a proximidade de um sistema de seu ponto de equilíbrio, descreve a perda de informação, indicando maior probabilidade de comportamentos inesperados quando buscamos a estabilidade como baluarte. É o fim do mundo como nós o conhecemos."
Ou seja, a mostra de Volz, pautada por palavras chave como subjetividade, fantasmas, sinergia, ecologia e medo, parece, à primeira vista, refletir o esgotamento de assuntos a serem tratados por uma bienal em tempos de crise econômica e energética e em paralelo à proliferação de mostras do tipo pelo mundo.
É como se na saturação do calendário artístico, com feiras e bienais que se espelham em cada canto do globo terrestre, surgisse um anseio por uma espécie de tábula rasa, a vontade de implodir as certezas em busca de um frescor cada vez mais difícil de atingir.
São esforços que ficam a meio caminho entre o surgimento de um novo universo criativo e o retorno nostálgico a estruturas do passado como fonte de novidade, o que explica o fetiche pela ruína que contamina a arte contemporânea e que deve pautar também a próxima Bienal.
Mas Volz também aponta para novos caminhos, adiantando que muitas das obras serão inéditas e que uma parte delas será exposta on-line, indo além do pavilhão do parque Ibirapuera.
Nenhum artista foi mencionado na primeira apresentação da Bienal, mas Volz deu a entender que a presença de brasileiros, entre eles nomes históricos, será grande, o que deve satisfazer galeristas infelizes com a última edição da mostra, organizada pelo britânico Charles Esche, que priorizou nomes periféricos.
"No Brasil, acasos e incertezas são muito presentes", diz Volz. "Mais do que uma mercadoria, a arte pode alargar horizontes. Vou trabalhar com artistas que abalam e destroem aquilo que se dá como certo, aceitam o ambíguo. Na arte, tudo bem não saber."

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