Na Virada, pessoas querem se ver no centro, diz novo secretário de Cultura
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BEATRIZ MONTESANTI
SÃO PAULO, SP - O novo secretário municipal de Cultura, Nabil Bonbuki (PT-SP), 59, voltou atrás ao falar sobre a descentralização dos palcos da Virada Cultural. Após a cerimônia de sua posse à frente da secretaria, que aconteceu nesta terça-feira (3) na sede da Prefeitura de São Paulo, Nabil afirmou que a dispersão de atividades culturais da cidade deve acontecer "ao longo do ano".
"Acho que descentralizar sim, mas não necessariamente a Virada", afirmou aos jornalistas. "A Virada é um momento em que as pessoas querem se encontrar no centro."
Em entrevistas anteriores, Nabil, que é arquiteto e urbanista, falou sobre esvaziar a região durante o evento, um dos mais importantes no calendário cultural da cidade.
"Ter menos palco no centro é também uma maneira de dar mais segurança para os lugares onde ela vai acontecer", disse à Folha de S.Paulo em janeiro, quando já ressaltava também a hipótese de realizar outras atividades ao longo do ano.
"Uma coisa que foi muito positiva nas primeiras edições [da Virada], que é trazer as pessoas para o centro, cresceu tanto que fica um pouco disfuncional. Mas isso não significa mudanças estruturais, significa ajustes para que a gente possa ter um melhor resultado possível", afirmou nesta terça.
O recém-empossado secretário citou como exemplo a comemoração do aniversário da Cidade de São Paulo, além do Circuito SP, programa da prefeitura que leva atrações culturais aos espaços da secretaria.
"Ela [a comemoração] começou no sábado às 13h e se estendeu até domingo às 20h em cinco regiões da cidade, embora tenha sido interrompido durante a noite", disse. "A intenção é que a gente possa ter esse tipo de evento ao longo do ano todo e na cidade toda."
SPCINE
Relator do Plano Diretor, conjunto de diretrizes que planeja o crescimento de São Paulo nos próximos 16 anos, e idealizador do VAI, programa de editais direcionados a iniciativas culturais na periferia, Nabil ressaltou durante a cerimônia a necessidade de se articular os diferentes equipamentos de cultura da cidade.
"Um teatro, uma casa de cultura, um CEU, às vezes não dialogam entre si, ou com a produção cultural realizada naquela região", disse. "O objetivo é fazer com que isso possa se articular e cada região da cidade tenha uma visibilidade para as ações da secretaria e uma articulação das iniciativas culturais desenvolvidas pela população."
Entre os projetos de sua gestão, está a criação de 83 salas de cinemas em espaços da prefeitura, como os CEUs e bibliotecas municipais. A criação e programação das salas ficará a cargo da Spcine -empresa voltada ao fomento do audiovisual paulistano, lançada oficialmente na semana passada com orçamento inicial de R$ 65 milhões (vindos do Município, do Estado e da Ancine).
Nabil também respondeu a críticas feitas recentemente por cineastas em relação ao modelo de editais da empresa.
A ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) entregou na última sexta (30) uma carta condenando a exigência de que as produções já tenham capital inicial para ser contempladas pelos editais e a destinação de mais de 50% dos recursos dos editais ao chamado cinema comercial.
"Isso a gente vai discutir no momento específico do lançamento do edital, com o Alfredo Manevy [presidente da Spcine]. O que a gente espera é que a médio prazo a gente possa superar essa divisão entre autoral e comercial. Ou seja, que a gente possa ter filmes autorais que tenham público e possam ser comerciais, e ao mesmo tempo ter filmes comerciais que possam ter qualidade", concluiu o secretário.
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