Urach usou 'mistura perigosa', omitiu e se arrependeu, afirma cirurgião
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O cirurgião plástico Júlio Vedovato resolveu romper o silêncio e revelou ao G1 detalhes sobre o drama que colocou a modelo Andressa Urach entre a vida e a morte, após sofrer uma infecção na coxa esquerda. Responsável pelas últimas intervenções cirúrgicas realizadas na modelo, o especialista afirmou que desde agosto trabalha para reverter complicações originadas em procedimentos, segundo ele, realizados por outros médicos.
Em tom de desabafo, o médico relatou, em uma conversa na noite de sexta-feira (6), que precisou superar o fato de Urach ter omitido informações a ele sobre misturas perigosas injetadas na perna ao longo dos últimos cinco anos, antes de realizar uma drenagem em agosto deste ano, com o objetivo de conter uma inflamação. De acordo com o Hospital Conceição de Porto Alegre, a infecção que fez a modelo apresentar um quadro gravíssimo entre o domingo (30) e a quarta-feira (3), foi gerada por injeções de hidrogel na coxa esquerda. Vedovato garante: jamais aplicou o produto, ou outros compostos com os mesmos fins, em Urach.
"Prefiro deixar ela explicar como tudo isso transcorreu. Mas ela usou uma mistura perigosa: não colocou apenas hidrogel, havia também Aqualift e Metacril, o que é sim inadequado. E soube disso só em agosto, uma semana depois de fazer uma intervenção. Ela se arrependeu e me contou", explicou ele ao G1.
Desde a hospitalização de Urach, o cirurgião evitava a imprensa. Em tom de desabafo diante de especulações sobre as origens, o médico enfatizou que o silêncio buscou acatar as exigências do Conselho Federal de Medicina. “O código determina que o médico guardará sigilo enquanto o paciente estiver entubado. Agora, conversei com a Andressa e ela me pediu para passar essa mensagem”, declarou.
Vedovato é formado em medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), um das mais prestigiadas do Rio Grande do Sul, e tem especialização em cirurgia geral com Residência Médica pelo Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, e Cirurgia Plástica com Residência Médica pelo Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre.
O polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, ou por metacril, é um produto composto por microesferas de um material parecido com plástico. Já o Aqualift é classificado como um gel de preenchimento facial e corporal, composto por poliamida e solução fisiológica. Segundo o cirurgião, Urach jamais soube, precisamente, o total aplicado dos três produtos para aumentar os volumes das pernas.
No dia 28 de novembro, depois da modelo continuar se queixando de dores, apesar de dois procedimentos de drenagem, Vedovato resolveu remover parte dos produtos da coxa esquerda, onde houve a infecção: “Foram mais de 200 ml entre hidrogel, sangue e gordura”, disse ele. Menos de 48 horas depois, as complicações prosseguiram, e ela foi hospitalizada.
O médico evitou classificar procedimentos realizados por outros profissionais como "erro médico". "Nem sempre existe um cuidado, existem fatalidades, mas se foi erro quem deve fazer o julgamento é ela", opinou. O médico diz ter acompanhado “diuturnamente” a paciente. Após ela despertar, com a redução dos sedativos, ela fez uma promessa: jamais fará cirurgias plasticas novamente. “Ela fará algumas pequenas intervenções para corrigir as cicatrizes, mas abandonou para sempre as plásticas. O objetivo dela é passar a ser uma embaixadora de mulheres que já passaram pelo mesmo drama, e são contra essas aplicações”, adiantou Vedovato.
A paciente, segundo ele, também ignorou avisos feitos pelo médico de que seria necessário descansar após ser submetida a uma nova drenagem. O alerta ocorreu no dia 23 de novembro, sete dias antes da internação, quando Vedovato fez um nova drenagem na coxa esquerda de Andressa para conter a inflamação. “Falei: ‘vá fazer repouso, mas ela foi a Brasília gravar uma matéria no programa de TV que apresenta”, afirmou.
Em seguida, no dia 28, foi a vez do procedimento de retirada de hidrogel, em uma nova tentativa de barrar a inflamação. Na casa da mãe, na Zona Norte de Porto Alegre, ela não suportou a inflamação. Teve de ser levada às pressas ao Hospital Conceição, local mais próximo da residência. Em boletins médicos, a instituição de saúde informou que a paciente chegou a ter uma paralisia nos rins. "A levaram ao bloco cirúrgico. A mãe se desesperou e queria minha presença."
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