Facebook realizou o sonho dos poetas, dizem escritores na Mantiqueira
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SÃO PAULO, SP, 15 de junho (Folhapress) - Foi dos tímidos e desajustados por vocação a primeira mesa do Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier (SP), na manhã de hoje.
Encabulados e em geral sucintos nas falas, mas agudos em suas reflexões, os poetas Carlito Azevedo, Micheliny Verunschk e Tarso de Melo comentaram seu processo de criação e o papel desempenhado pela poesia na sociedade. "A poesia vem do atrito, do que está se desfazendo. Da degradação salta a faísca que forma o poema", disse Melo.
Carlito iniciou sua participação comentando justamente sua dificuldade em falar sobre literatura.
Após ler um de seus mais conhecidos poemas, "Sobre uma Fotonovela de Felipe Nepomuceno", brincou que "é melhor ler poesia do que falar".
"A gente podia ficar aqui só lendo. Se a gente for explicar, a gente tira o trabalho dos críticos", emendou.
Explicação, no fim das contas, é tudo o que o poeta rejeita. Os versos, defende, devem "provocar mais dúvidas e complicar a vida das pessoas, e não gerar certezas".
"Tenho o maior orgulho por os poetas serem tão desajustados. O que as pessoas querem ouvir é autoajuda. Acho de uma tremenda dignidade mostrarmos como somos intranquilos."
Perguntado por uma pessoa da plateia sobre como aumentar a difusão do livro, Carlito disse que não recomenda a leitura para todas as pessoas.
"Para quem quer ter certezas, ter o controle de tudo, não recomendo. A leitura é apenas para as pessoas que querem correr o risco de perder tudo ao virar a página. Não acredito em literatura inofensiva."
Facebook
O momento mais descontraído da mesa ocorreu quando os poetas, instigados pelo escritor Paulo Lins (autor de "Cidades de Deus"), que também estava na plateia, comentaram a relação entre a literatura e o Facebook.
"Sou viciado [no Facebook], acho sensacional, espetacular", disse Carlito.
"É o mundo em que vivemos. Lá aparece a pancada dos policiais nos manifestantes de São Paulo, poesia, imagens... Esse caos é o mundo em que vivemos."
Melo também louvou a rede social. "Quando o Satanás autorizou a criação do Facebook, ele realizou o sonho dos poetas. Lá a poesia está completamente realizada. Surge ao acaso e pode levar essa sensação de desencaixe a muito mais gente. Eu coloco um poema lá e não sei em que condições ele será lido. É espetacular mesmo."
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