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Setor produtivo pede mais prazo e cautela para rever tarifa dos EUA

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O governo federal passou esta terça-feira, 15, em reuniões com empresários e representantes da indústria e do agronegócio para tentar encontrar uma resposta conjunta para a ameaça do presidente americano Donald Trump de impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros. O número de pessoas presentes às duas reuniões comandadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin pode dar uma ideia de como esse tema preocupa os empresários: foram quase 40 representantes de diversos setores, do presidente da Fiesp, Josué Gomes, ao presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, passando pelas associações de produtores de café, laranja e dos exportadores de carne.

O que ficou claro nas conversas é que o Brasil não tem saída a não ser tentar negociar. Alckmin, também ministro da Indústria e Comércio, afirmou que o governo ainda busca flexibilizar o prazo determinado pelo governo dos Estados Unidos, de 1.º de agosto, para taxar as exportações brasileiras. "O prazo é exíguo, mas vamos trabalhar para dar o máximo nesse prazo", disse após a primeira reunião com representantes do setor produtivo, pela manhã.

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A proposta do empresariado é que o governo trabalhe para conseguir pelo menos mais 90 dias de discussão. De acordo com o vice-presidente, os empresários brasileiros farão parte da tentativa de pressão por maior prazo. Mas, segundo ele, a ideia é procurar resolver tudo até o dia 31 de julho. "Então, o governo vai trabalhar para tentar resolver e avançar nesse trabalho nos próximos dias", disse, à tarde.

No entanto, está claro também que não será fácil para o governo convencer Trump a voltar atrás com argumentos convencionais. Os Estados Unidos são superavitários em sua relação comercial com o Brasil - ou seja, vendem mais do que compram. Além disso, o presidente americano já deixou explícito que esse movimento de retaliação não é comercial, mas político.

Quando anunciou a tarifa de 50%, na semana passada, Trump relacionou a taxação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, que classificou como "caça às bruxas". Ontem, em entrevista do lado de fora da Casa Branca, voltou a defender o ex-presidente. "Ele não é um homem desonesto." Sobre o motivo de a taxa brasileira ser a maior até agora anunciada, foi mais vago. "(Taxei) Porque eu posso fazer isso", disse.

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Trump usa as tarifas como um instrumento de pressão para que o julgamento de Bolsonaro seja encerrado, sem punição. O governo brasileiro não cogita nenhuma ação nesse sentido - nem poderia, já que seria uma intromissão do Poder Executivo no Poder Judiciário.

Tarifas recíprocas

O tom das conversas dos empresários com o governo na reunião de ontem em Brasília era de cautela. Três executivos que estavam no encontro da manhã - com o setor industrial - afirmaram que há consenso de que o ideal é seguir buscando diplomacia, ainda que a ofensiva passe a valer a partir de 1.º de agosto.

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O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse que outro consenso que ampara a cautela mesmo após o prazo é de que não há, para a indústria, possibilidade de vender para outros lugares os produtos que atualmente são vendidos para os americanos. "Se nós perdemos a exportação para os Estados Unidos, não tem como substituir com exportações para outros mercados."

Ainda conforme Velloso, diante das considerações e pedido de cautela, a reunião não chegou a abordar possibilidades de retaliação. "Não foi falado em momento algum, nem pela parte privada nem pelo governo. Nada em relação à retaliação. O objetivo parece unânime ali. De negociar à exaustão."

Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, disse que esse nível de tarifa pode ter um impacto de cerca de R$ 50 milhões por avião. Com isso, os efeitos nas receitas da fabricante seriam próximos a R$ 2 bilhões em 2025 e de R$ 20 bilhões até 2030. "A taxa de 50% é praticamente um embargo. Esse patamar inviabilizaria as operações da Embraer nos EUA."

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O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa - que participou da reunião de Alckmin com os representantes do agronegócio, à tarde -, também afirmou que a tarifa de 50% inviabiliza as vendas para o mercado americano. Segundo ele, já há frigoríficos paralisando a produção de carne destinada aos EUA. "Nossa sugestão de imediato é, se possível, uma prorrogação do início dessa taxação porque existem contratos em andamento e não há tempo hábil de desfazê-los."

Encontro em SP

Ao mesmo tempo que o governo federal juntava empresários em Brasília, o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez um movimento parecido em São Paulo. O encontro contou com a presença do encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Gabriel Escobar, e foi lido por muitos como uma tentativa de disputar o protagonismo em meio à crise - Tarcísio é apontado como potencial candidato à Presidência em 2026.

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Entre os presentes estavam Paulo Skaf, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e o diretor administrativo da Indusparquet, José Antônio Baggio, além de representantes da Embraer, da Usiminas, da Cosan e de outras 13 empresas ou associações de setores como café, máquinas, carne, citricultura, energia, papel e celulose, madeira, transporte de cargas e setor sucroalcooleiro.

Em nota divulgada horas após a reunião, o governo de São Paulo reforçou "seu compromisso com o produtor, empresários e agronegócio paulista".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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