Leia a última edição
--°C | Apucarana
Euro
--
Dólar
--

Economia

publicidade
ECONOMIA

Crise do arroz contrasta com boa safra de grãos no País

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Telegram
Siga-nos Seguir no Google News
Grupos do WhatsApp

Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline

Mesmo com o Brasil a caminho de uma nova safra recorde de grãos, o arroz vive o oposto - área e produção caem no momento em que o custo de produção supera o preço pago pela saca. O desânimo dos produtores gaúchos mostra o lado menos visível da bonança agrícola. No Rio Grande do Sul, que produz mais de 70% de todo arroz brasileiro, a previsão é de queda de 10% na área plantada.

O presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, Edinho Fontoura, resume o dilema vivido pelos produtores. "A saca de arroz está na faixa de R$ 50, mas o custo de produção chega a R$ 90. O produtor sabe que está pagando caro para trabalhar, mas não deixa de plantar porque é persistente."

publicidade
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.

Levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) mostra que mais de 70% das áreas de cultivo no Estado foram semeadas, cobrindo 640 mil hectares, indicando que a previsão de 920 mil hectares na safra 2025/26 não será atingida. Na anterior, o cultivo total chegou a 970 mil hectares. Além da redução na área plantada, muitos agricultores estão descapitalizados e investem menos em adubação devido ao alto custo dos insumos.

Os produtores gaúchos vêm de cinco anos agrícolas ruins: foram quatro estiagens severas e ao menos uma grande enchente.

Dados do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Agricultura (Cepea) explicam o desalento do produtor gaúcho. A saca de 50 quilos teve média de R$ 58 em outubro, 6,2% inferior à do mês anterior e 51,4% abaixo do mesmo período do ano passado. No acumulado de 2025, a queda nominal é de 43,2%.

publicidade

O agricultor Arno Walter Lausch, de Maçambará, no centro-oeste do Estado, conclui o plantio de 1,2 mil hectares na Fazenda Celeiro e espera que até a safra ocorra uma reação nos preços. "Somos produtores de alta tecnologia, que tem um custo muito alto. O arroz é importante para a rotação de culturas, pois melhora o solo onde vamos plantar também milho e soja. A gente espera que os preços melhorem e nosso trabalho seja reconhecido."

Referência do agro no centro-oeste gaúcho, o grupo Lausch cultiva em outras quatro áreas próprias e arrendadas. Cristiano Marques Lausch, filho de Arno e administrador do grupo, lembra que foram feitos altos investimentos para irrigar toda a produção de arroz. "Investimos quando os preços estavam bons e agora fica difícil pagar o investimento com os recursos da lavoura, devido aos preços baixos", diz.

Mão dupla

publicidade

Mesmo sendo o segundo maior exportador de arroz fora da Ásia, o Brasil ainda precisa importar o grão em períodos de escassez. A dualidade revela gargalos de competitividade e logística.

Na safra passada, o País produziu 12,8 milhões de toneladas, acima do consumo interno, na faixa de 11 milhões. Na próxima, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume deve cair para 11,4 milhões, cerca de 10% menos.

Com os baixos preços internos, o País pode ampliar as exportações de arroz. A Conab prevê um crescimento de 31% para 2,1 milhões de toneladas no volume enviado para o exterior este ano devido ao excedente no mercado interno. Este ano, o arroz brasileiro foi levado principalmente para países africanos, como Senegal e Gâmbia, e americanos, como Cuba e Peru.

publicidade

Do outro lado, as importações devem se manter estáveis, em 1,4 milhão de toneladas. O País compra arroz principalmente de vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai, nossos principais fornecedores.

Conforme a companhia, a importação de arroz é necessária para regular o mercado interno, evitando que haja escassez e alta excessiva de preços quando nossa produção não atinge o volume esperado.

Quando ocorre o inverso, com excesso de produção e queda de preços, o governo pode realizar leilões de compras para aumentar seu estoque do cereal e ajudar o agricultor a desencalhar sua produção. Neste ano, foram investidos R$ 300 milhões em operações de contratos para compra de 200 mil toneladas do cereal. O preço pago é maior que o do mercado.

publicidade

Abastecimento

O arroz é um componente indispensável na cesta básica do brasileiro e há esforços para aumentar o consumo. No dia 27 de outubro, a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) lançou a campanha Arroz Combina, voltada à valorização do produto no mercado doméstico.

Além de colocar o alimento no centro do prato do brasileiro, a ação busca equilibrar oferta e demanda no País: o consumo interno se manteve estável nos últimos anos, enquanto a produção aumentou, gerando desequilíbrio nos preços.

publicidade

Em outra frente, a indústria trabalha para abrir novos mercados. Por meio do projeto de exportação Brazilian Rice, desenvolvido em parceria com ApexBrasil, a Abiarroz atua em missões e feiras internacionais e realiza ações de aproximação com compradores estrangeiros.

Nos últimos meses, representantes do setor industrial orizícola participaram de agendas em países como México e Nigéria integrando missões organizadas pelo governo. Também foram recebidos importadores mexicanos no Rio Grande do Sul.

Em outubro, o arroz brasileiro esteve com estande próprio na Foodex Saudi Expo, em Riad, na Arábia Saudita, e participa, ainda este ano, da US Private Label Trade Show, nos Estados Unidos.

publicidade

Etanol

Enquanto o arroz perde espaço nas lavouras, ganha novas aplicações industriais. Casca e farelo viram fonte de energia e biodiesel, e o grão busca novo valor em uma economia de baixo carbono. De acordo com o presidente do Irga, Eduardo Bonotto, o arroz tem potencial para entrar na cadeia produtiva do etanol de cereal, com o milho e o trigo.

A produção do combustível já acontece em algumas plantas com o aproveitamento do arroz quebrado no processo de beneficiamento, que tem menor valor comercial.

publicidade

Além disso, subprodutos do beneficiamento de arroz podem ser melhor aproveitados: o farelo na produção de biodiesel e a casca, na queima direta como combustível para as caldeiras.

"Já temos várias plantas de biocombustível operando no Rio Grande do Sul, e outras estão em processo de instalação. Algumas já queimam a casca do arroz, o que reduz o consumo de árvores nesse processo. É um novo mercado sustentável que se abre para o produtor de arroz", diz Bonotto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gostou da matéria? Compartilhe!

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Email

Últimas em Economia

publicidade

Mais lidas no TNOnline

publicidade

Últimas do TNOnline