Reconheça os sinais do AVC e saiba quando buscar socorro

Alterações repentinas no sorriso, na fala ou na força dos braços podem ser sinais de um acidente vascular cerebral (AVC), uma das emergências médicas mais graves. Quando o fluxo sanguíneo para uma região do cérebro é interrompido ou ocorre um sangramento, as células nervosas ficam sem oxigênio em questão de segundos, o que pode deixar sequelas severas ou levar à morte. Por isso, reconhecer rapidamente os sintomas é essencial para preservar funções como fala, visão e movimento.

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Para facilitar o reconhecimento, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) recomendam duas estratégias simples: o protocolo internacional FAST e a sigla SAMU, criada para tornar a identificação mais fácil no Brasil. Ambos reforçam que os sinais surgem de forma abrupta, muitas vezes em pessoas que estavam bem momentos antes.

Teste SAMU

Qualquer pessoa pode realizar o teste ao perceber que algo está errado. Basta seguir quatro passos:

1. S – Sorriso: peça para a pessoa sorrir e observe se um lado do rosto fica torto.

2. A – Abraço: peça para levantar os dois braços; se um cair, há perda de força.

3. M – Música/Mensagem: solicite que repita uma frase ou cante; perceba se a fala sai enrolada ou lenta.

4. U – Urgência: se qualquer sinal aparecer, ligue imediatamente para o SAMU (192).

Como cada minuto pode significar tecido cerebral perdido, qualquer sintoma isolado já deve ser tratado como emergência. Entre outros sinais que podem surgir repentinamente estão:

Sintomas que podem indicar um AVC

• Perda súbita da visão, principalmente em um olho
• Visão embaçada ou dupla
• Tontura intensa, dificuldade para caminhar
• Perda de equilíbrio ou sensação de fraqueza nas pernas
• Dor de cabeça muito forte e abrupta
• Confusão mental e dificuldade de compreensão
• Formigamento súbito, especialmente se combinado com outros sintomas

Principais causas e fatores de risco

A cardiologista Luciana Barbosa, do Hospital Sírio-Libanês, destaca que doenças do coração têm papel significativo no desenvolvimento de AVC, principalmente em pessoas idosas.

“Arritmias, alterações na força de contração do coração e o acúmulo de placas de gordura nas artérias estão ligados às principais causas de AVC no idoso”, explica.

Essas condições podem atingir artérias do coração, do pescoço ou do cérebro e se somam a fatores como hipertensão, diabetes, colesterol alto, obesidade e tabagismo. “Essas doenças, que também são fatores de risco para os problemas cerebrovasculares, participam diretamente no desenvolvimento do AVC”, reforça.

A especialista ressalta ainda a importância de controlar a pressão arterial. “A hipertensão fora de controle pode causar tanto AVC isquêmico quanto hemorrágico. É fundamental manter a pressão estável e buscar atendimento imediato diante de sintomas neurológicos”, alerta.

Por que o AVC é tão perigoso?

Segundo o neurologista Flávio Sekeff Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, o AVC costuma surgir sem aviso. “Nos primeiros minutos, existe uma sensação súbita de que algo ‘desligou’ no corpo”, descreve.

Ele explica que o tempo de resposta é determinante: nos primeiros 60 a 90 minutos, as chances de reversão total dos sintomas são maiores. A partir desse período, o risco de sequelas aumenta rapidamente. A chamada “janela terapêutica” para os tratamentos mais eficazes se reduz entre 3 e 4,5 horas após o início dos sinais.

O neurologista destaca que até sintomas leves merecem atenção. “Se começou de repente, mesmo que seja discreto, deve ser levado a sério. É melhor pecar pelo excesso de cuidado”, orienta.

Apesar de os sintomas serem evidentes, a confirmação depende de avaliação médica e exames de imagem. Luciana Barbosa lembra que a tomografia pode não mostrar alterações nos primeiros minutos, mas isso não exclui o diagnóstico.

“O exame clínico é o principal. Mesmo com tomografia normal, não descartamos AVC, porque as mudanças podem ainda não estar visíveis”, afirma.

Existem tratamentos capazes de desobstruir artérias e reduzir sequelas, desde que iniciados rapidamente. Por isso, reconhecer sinais, aplicar o teste SAMU e acionar o socorro imediatamente pode salvar vidas e preservar funções cerebrais.