Primeira praia naturista do Brasil tem nudismo proibido em SC
A Praia do Pinho perdeu autorização para a prática após decisão da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú
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A prática de nudismo na Praia do Pinho, em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, foi oficialmente proibida após a aprovação do novo Plano Diretor do município pela Câmara de Vereadores, na quarta-feira (17). A medida revoga a autorização que existia desde 2006 e encerra uma tradição de mais de quatro décadas no local, considerado a primeira praia de naturismo do Brasil.
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O texto aprovado segue agora para sanção do Executivo municipal. A prefeitura também anunciou que irá publicar um decreto proibindo o nudismo em todas as praias da cidade, com o objetivo de reforçar a nova regra. A minuta do decreto já foi apresentada a associações de moradores das praias agrestes e às forças de segurança.
A decisão gerou reação imediata da Federação Brasileira de Naturismo (FBRN), que divulgou nota manifestando “profunda preocupação e pesar” com o fim do naturismo na Praia do Pinho. Segundo a entidade, o local é um marco histórico reconhecido nacional e internacionalmente, símbolo de convivência respeitosa, liberdade responsável e contato consciente com a natureza.
O Plano Diretor anterior de Balneário Camboriú, em vigor desde 2006, previa expressamente o uso da Praia do Pinho para a prática do naturismo. Com a aprovação do novo plano, em 2025, essa permissão foi retirada do texto legal.
De acordo com a prefeitura, a justificativa para a mudança é que, ao longo dos anos, a praia teria deixado de ser frequentada majoritariamente por naturistas e passado a ser palco de atos ilícitos e crimes sexuais. O município afirma que a proibição busca garantir segurança e ordenamento dos espaços públicos.
O que diz a Federação Brasileira de Naturismo
Na nota oficial, a FBrN contesta a decisão e afirma que o naturismo não pode ser confundido com práticas ilegais ou comportamentos obscenos. A entidade destaca que crimes devem ser combatidos com fiscalização, investigação e punição, e não com a extinção de uma prática legítima e regulamentada.
A federação também questiona a falta de fortalecimento da segurança pública na região e aponta possíveis interesses imobiliários e discursos moralistas como fatores que teriam influenciado a mudança. Para a entidade, o fim do naturismo na Praia do Pinho representa uma perda histórica, cultural e social.
Praia do Pinho: referência nacional
Localizada entre as praias de Laranjeiras e do Estaleirinho, a Praia do Pinho tem cerca de 500 metros de extensão e é reconhecida como a primeira praia de naturismo do país. A prática existe no local desde 1980 e sempre foi regulamentada por normas de convivência, que proíbem comportamentos de cunho sexual, registros sem autorização e qualquer atitude considerada obscena.
Aberta a todos os públicos, incluindo famílias, crianças e idosos, a praia sempre foi associada ao naturismo, filosofia de vida que prega respeito mútuo, preservação ambiental e autoconhecimento, tendo o nudismo social como uma de suas expressões.
Com a mudança no Plano Diretor, a Praia do Pinho deixa de ser oficialmente destinada ao naturismo, encerrando um capítulo histórico do litoral catarinense e reacendendo o debate sobre diversidade, liberdade e uso dos espaços públicos.
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