Operação resgata 30 pessoas de clínica clandestina em Santa Catarina
Pacientes eram mantidos em cárcere, dopados e sofriam agressões em local sem autorização de funcionamento, segundo o MPSC

Cerca de 30 pessoas foram resgatadas de uma clínica terapêutica clandestina na manhã de quarta-feira (22), em Itapoá, no Litoral Norte de Santa Catarina. A ação, chamada Operação Liberdade, foi coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e resultou no fechamento imediato do local.
A operação teve início após uma denúncia recebida na terça-feira (21), que apontava que o espaço abrigava pessoas vindas de outras clínicas já interditadas desde o dia 16 de setembro. Segundo o MPSC, os pacientes eram vítimas de cárcere privado, agressões físicas e dopagem com uma mistura de medicamentos psiquiátricos, conhecida entre os responsáveis como “protocolo”.
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No momento da fiscalização, as equipes encontraram as vítimas em condições degradantes, sem acompanhamento de profissionais de saúde e em um local sem qualquer autorização para funcionar. Doze delas precisaram de atendimento de alta complexidade, prestado pela assistência social.
Três pessoas foram presas em flagrante e encaminhadas à audiência de custódia, realizada ainda na tarde de quarta-feira (22), em Joinville.
O promotor de Justiça Luan de Moraes Melo, da 2ª Promotoria de Itapoá, descreveu o cenário encontrado como de “extrema gravidade”.
“Algumas pessoas foram sequestradas em casa, amarradas e dopadas. Todas eram mantidas sem direito de ir e vir e sob repressões constantes, incluindo agressões e doping com medicamentos psiquiátricos”, afirmou.
De acordo com as investigações, a maioria dos internos havia sido internada de forma involuntária, com autorização das famílias, por conta de transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas. No entanto, o tratamento oferecido era irregular e sem acompanhamento médico adequado.
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O MPSC reforçou que o tratamento de dependências químicas deve ocorrer exclusivamente dentro da rede pública, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e das Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs).
“As famílias não precisam pagar por serviços que colocam seus parentes em situações desumanas. O SUS tem estrutura para oferecer atendimento digno e seguro”, alertou o promotor.