MAIS LIDAS
VER TODOS

Alucinógenos

Operação descobre centro de cultivo de "cogumelos mágicos" no PR

Polícia desarticula grupo responsáveol por produção, comercialização e distribuição para diversos Estados brasileiros; saiba mais

Renata Okumura (via Agência Estado)

·
Investigação permitiu estimar em R$ 26 milhões o valor total do faturamento gerado pela rede criminosa
Icone Camera Foto por Reprodução Banda B
Investigação permitiu estimar em R$ 26 milhões o valor total do faturamento gerado pela rede criminosa
Escrito por Renata Okumura (via Agência Estado)
Publicado em 04.09.2025, 15:42:00 Editado em 04.09.2025, 15:44:29
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Coordenação de Repressão às Drogas, deflagrou, nesta quinta-feira, 4, uma operação policial para desarticular uma rede criminosa responsável pela produção, comercialização e distribuição para diversos Estados brasileiros da droga psilocibina, uma substância psicodélica natural encontrada em diversas espécies de cogumelos, conhecida como 'cogumelo mágico'. No Brasil, a psilocibina é classificada como substância proibida pela Portaria nº 344/1998 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tornando seu cultivo, comercialização e distribuição atividades ilegais sujeitas a sanções.

continua após publicidade

-LEIA MAIS: Incêndio destrói igreja e causa prejuízo de mais de R$ 1 milhão no PR

Durante a Operação Psicose, são realizadas 20 buscas e apreensões, 9 mandados de prisão, bloqueio de contas e ativos financeiros dos investigados, além de suspensão de websites e perfis em redes sociais usados pelo grupo. São cumpridos mandados simultaneamente em endereços de Brasília (DF), Curitiba (PR), Joinville (SC), São Paulo (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES), visando locais de produção, armazenamento e distribuição da droga.

continua após publicidade

Em Curitiba, no Paraná, a Polícia Civil chegou a um centro de cultivo que servia como o principal polo de produção e logística dos cogumelos.

"Foram localizados locais de cultivo em larga escala, apreendidos equipamentos e veículos e identificadas colaborações ilícitas de agentes públicos que favoreciam a continuidade das atividades criminosas", disse a polícia. O grupo também é investigado por crimes ambientais, contra a saúde pública e por lavagem de dinheiro. A defesa não foi localizada. A investigação deve ter ainda novas fases de desdobramentos, em razão da possibilidade de outras pessoas envolvidas.

A investigação permitiu estimar em R$ 26 milhões o valor total do faturamento gerado pela rede criminosa de distribuição de cogumelos alucinógenos entre 2024 e 2025. Conforme a apuração, foram identificadas tabelas de preços que variavam de R$ 84,99, por três gramas, a R$ 9,2 mil, por um quilograma da substância.

continua após publicidade

Como teve início a operação policial

A investigação revelou que uma organização criminosa operava no Distrito Federal, no Paraná e em Santa Catarina, produzindo e distribuindo psilocibina em grande escala para consumidores e traficantes de diversos Estados do Brasil. Conforme a PCDF, ela teve início, ao longo de alguns anos, a partir do monitoramento de redes sociais e websites que anunciavam a venda dos entorpecentes. Páginas no Instagram eram utilizadas para atrair interessados, que eram direcionados para sites e grupos de aplicativos de mensagens, onde ocorriam as negociações. Procurada, a Meta, dona do Instagram, disse que a empresa não irá comentar o assunto.

"No começo deste ano, nós tivemos novas informações a partir do monitoramento na rede social Instagram. A partir desse monitoramento, chegamos a um grupo de Brasília que estava produzindo psilocibina, que são os cogumelos alucinógenos. Divulgavam essa venda tanto nas redes sociais quanto em websites. Das redes sociais, eles captavam clientes que eram remetidos para os websites, que tinham o sistema de venda eletrônico", disse o delegado Waldek Cavalcante.

continua após publicidade

Segundo Cavalcante, aprofundando a investigação a polícia também chegou a produtores de outros Estados, do Paraná e de Santa Catarina, que antes estavam produzindo em São Paulo. Essa distribuição era feita para todo o País. "Na plataforma, o cliente podia escolher, de maneira organizada, uma diversidade de cogumelos alucinógenos diferenciados por espécie, forma de preparo e potência", disse ainda a polícia. O sistema facilitava transações ao aceitar diversos métodos de pagamento, como transferências, cartão de crédito e PIX, visando simplificar o processo e tornar o rastreamento mais difícil.

De acordo com a PCDF, os envolvidos na operação poderão responder por tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes ambientais e contra a saúde pública, publicidade abusiva e curandeirismo, com penas que podem atingir até 53 anos de prisão para os líderes do grupo. A operação teve o apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), da Receita Federal e dos Correios.

continua após publicidade

Como as substâncias eram enviadas?

As drogas eram enviadas pelos Correios e por empresas de logística em um esquema semelhante ao dropshipping, modelo em que pedidos feitos a uma empresa eram enviados por outra, o que acaba dificultando a fiscalização e também o rastreamento. Ainda conforme a investigação, o envio era realizado por serviços de encomenda expressa e discretos, com embalagens que não revelavam o conteúdo, reduzindo o risco de detecção durante o transporte.

"Foram identificadas 3.718 encomendas postais, que totalizam aproximadamente uma tonelada e meia de drogas enviadas para diversas regiões do País", disse a PCDF. Ainda de acordo com a apuração, a rede criminosa usava pessoas jurídicas de fachada, registradas no ramo alimentício, para ocultar a origem ilícita dos valores.

Para chamar a atenção do público jovem, especialmente em festas e festivais de música eletrônica, a organização criminosa utilizava websites atraentes, publicidade paga em redes sociais, e fazia parcerias com influenciadores e DJs. Os entorpecentes eram promovidos até em eventos, sugerindo falsamente benefícios à saúde.

"Eles traziam uma narrativa científica de benefícios à saúde, buscando aumentar a venda. E isso é uma droga que não pode ser vendida nem consumida. Mas eles usavam essa narrativa buscando apoio de DJs e influenciadores", disse ainda o delegado. Cavalcante explica que a substância é muito nociva à saúde. "O nome psicose é um dos efeitos colaterais do uso dessa substância, que traz a fuga da realidade. A pessoa que consome pode até chegar a uma overdose a também morrer", afirmou ele.

GoogleNews

Siga o TNOnline no Google News

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Cotidiano

    Deixe seu comentário sobre: "Operação descobre centro de cultivo de "cogumelos mágicos" no PR"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!