Metanol: PF apura se bebidas adulteradas chegaram a outros estados
Autoridades alertam para risco de consumo de bebidas adulteradas com metanol; três mortes foram confirmadas

A Polícia Federal abriu investigação sobre intoxicações por metanol em bebidas alcoólicas no estado de São Paulo. As autoridades apuram a origem da substância usada para adulterar gin, vodca e outros destilados e alertam que a rede de distribuição pode atuar em outros estados. Até o momento, três mortes foram confirmadas e 16 casos estão em análise.
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Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o número elevado de intoxicações é considerado “anormal”, já que normalmente o país registra cerca de 20 casos por ano, distribuídos de forma esparsa. No estado de São Paulo, apenas em setembro, o número de casos já representa quase metade das notificações anuais.
A adulteração ocorre quando falsificadores adicionam metanol a garrafas de bebidas alcoólicas de marcas conhecidas. A ingestão da substância pode provocar cólicas fortes, perda de visão, convulsões e até morte. Os sintomas costumam aparecer horas após o consumo.
O Ministério da Saúde orientou que profissionais de saúde estejam atentos a casos suspeitos e destaca que a notificação pode ser feita mesmo sem confirmação do diagnóstico. A população pode buscar atendimento nos 32 centros de informação e assistência toxicológica do SUS espalhados pelo país.
Até a noite de segunda-feira (29), seis casos foram confirmados e dez estão em investigação pelo Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo. Entre os casos investigados, quatro jovens passaram mal após consumir gin comprado em uma adega da Zona Sul da capital. Um dos pacientes permanece internado em estado irreversível na UTI, enquanto outra vítima segue cega após beber caipirinhas de vodca em um bar no Jardim Paulista.
Foram confirmadas três mortes relacionadas à intoxicação: homens de 58 anos (São Bernardo do Campo), 54 anos (São Paulo) e 45 anos (residência ainda investigada). Uma quarta morte está sob apuração.
A Polícia Federal investiga ainda a possível ligação com o crime organizado, já que o metanol pode ter sido obtido ilegalmente por facções criminosas que anteriormente adulteravam combustíveis no Paraná e em São Paulo. A ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação) aponta que a venda ilegal de metanol por essas quadrilhas pode estar por trás da intoxicação em larga escala.
A fiscalização já começou em bares e adegas da capital paulista. Três estabelecimentos suspeitos foram vistoriados e 117 garrafas de bebidas destiladas sem rótulo foram apreendidas.
O metanol é altamente tóxico, inflamável e de difícil identificação, semelhante em cheiro ao álcool comum, mas não deve ser ingerido. No Brasil, seu uso legal é restrito à indústria, principalmente na produção de biodiesel, tintas, solventes e produtos de limpeza.
O governo recomenda que a população compre apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulos e lacres de segurança, e evite produtos de procedência duvidosa, que podem colocar a vida em risco.