María Corina vence Nobel da Paz por luta democrática na Venezuela
Líder opositora foi premiada por sua atuação pacífica em defesa da democracia e dos direitos humanos no país, em meio à repressão do regime de Maduro

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi anunciada, nesta sexta-feira (10), como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025, concedido pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo.
Machado foi reconhecida “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”. O prêmio inclui 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões).
Ela é a 20ª mulher a receber o Nobel da Paz desde a criação da honraria, em 1901.
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‘Uma das vozes mais corajosas da América Latina’
Segundo o Comitê Norueguês, María Corina Machado representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.
O texto do comitê descreve a opositora como uma figura unificadora em um cenário político fragmentado, capaz de reunir grupos rivais em torno da defesa de eleições livres e do Estado de Direito.
“A democracia é uma condição prévia para a paz duradoura. Quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que se erguem e resistem”, afirmou o comunicado.
Machado é fundadora do movimento Súmate, criado há mais de 20 anos para fiscalizar eleições e promover o voto livre no país. Ela se tornou símbolo da resistência ao regime de Nicolás Maduro, enfrentando perseguições, bloqueio de candidatura e ameaças à vida — mas decidiu permanecer na Venezuela.
“Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas”, destacou o comitê.
Símbolo da resistência venezuelana
Machado vive atualmente escondida na Venezuela, após contestar amplamente o resultado das eleições presidenciais de 2024, marcadas por denúncias de fraude que garantiram a reeleição de Nicolás Maduro.
O resultado do pleito não é reconhecido pela comunidade internacional. Impedida de concorrer, Machado apoiou o candidato opositor Edmundo González Urrutia, que, segundo observadores independentes, venceu a disputa.
Mesmo assim, o regime de Maduro aumentou a repressão contra ela e outros líderes da oposição.
O comentarista Ariel Palacios, da GloboNews, classificou a escolha de Machado como “um duro golpe político para o regime de Maduro”.
‘Os instrumentos da democracia são também os da paz’
De acordo com o Comitê Norueguês do Nobel, a venezuelana cumpre os três critérios estabelecidos por Alfred Nobel para o prêmio: promover fraternidade entre as nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz.
“Ela demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz. María Corina Machado personifica a esperança de um futuro em que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam protegidos e suas vozes ouvidas”, afirma o comunicado.
Quem é María Corina Machado
Nascida em 1967, María Corina Machado é engenheira e uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro.
Antes de ingressar na política, atuou no setor privado e fundou organizações civis em defesa da transparência eleitoral e dos direitos civis.
Em 2023, anunciou sua candidatura à Presidência, mas teve o registro barrado pelo governo. Em 2024, apoiou González Urrutia nas eleições contestadas.
Segundo o Comitê Norueguês, Machado recebe o Nobel da Paz “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
“María Corina Machado mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, diz o texto oficial da premiação.
O Prêmio Nobel da Paz
O Prêmio Nobel da Paz é concedido desde 1901 a pessoas ou organizações que contribuam de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a redução de exércitos permanentes e a promoção de congressos de paz.
Por vontade de seu criador, Alfred Nobel, a honraria é a única entregue na Noruega, e não na Suécia, país natal do inventor da dinamite.
O prêmio é entregue todos os anos em 10 de dezembro, data da morte de Nobel, em uma cerimônia solene na prefeitura de Oslo, com a presença do rei da Noruega.
Em 2024, o Nobel da Paz foi concedido à Nihon Hidankyo, organização que representa sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.
