Homem passa por transplante raro de cinco órgãos de um único doador
Luiz Perillo aguardou mais de quatro anos pelo procedimento, agora disponível no SUS

O arquiteto brasiliense Luiz Perillo, de 35 anos, começou nesta semana uma série de cirurgias para receber cinco órgãos de um único doador, em um transplante raro e de altíssima complexidade. Após mais de quatro anos na fila de espera, ele foi selecionado graças à incorporação do transplante multivisceral ao Sistema Único de Saúde (SUS), em fevereiro deste ano.
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Perillo sofre de trombofilia, condição que provoca a formação excessiva de coágulos sanguíneos. Em 2019, enfrentou a primeira trombose, que atingiu vasos responsáveis pela irrigação do intestino. Desde então, sua saúde se agravou com falência intestinal e renal, obrigando a retirada de vários órgãos da cavidade abdominal. Ele chegou a pesar apenas 34 quilos e, nos últimos dois anos, viveu dentro de um hospital em São Paulo sob vigilância médica.
Sequência de cirurgias
O paciente aguarda transplantes de fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado e rim. Na terça-feira (23/9), foi submetido à primeira cirurgia e permanecerá sob observação, com a incisão aberta para monitoramento de possíveis complicações. Nesta quarta-feira (24/9), será reavaliado para definir se o transplante de rim ocorrerá ainda no dia ou em outra data.
Segundo a equipe médica, a expectativa é concluir todos os procedimentos até sábado (27/9). Todo o processo, desde as cirurgias até o acompanhamento, é custeado integralmente pelo SUS.
Esperança da família
A mãe do arquiteto, Jussara Martins, de 60 anos, tem compartilhado nas redes sociais atualizações sobre o quadro clínico e comemorado cada avanço. Para ela, a jornada do filho é um símbolo de resistência diante da longa espera.
Referência mundial
O Brasil é considerado referência internacional em transplantes realizados pelo sistema público, permitindo que pacientes como Luiz tenham acesso a cirurgias de alto custo e complexidade que dificilmente poderiam ser financiadas de forma particular.
O caso já é tratado como um dos mais emblemáticos da medicina de transplantes no país, não apenas pela gravidade da condição de Luiz Perillo, mas também pelo marco histórico de um transplante multivisceral realizado no âmbito do SUS.
