Pesquisadores identificaram evidências de que o núcleo da Terra está liberando ouro e outros metais preciosos para camadas superiores do planeta. A descoberta, publicada em 21 de maio na prestigiada revista Nature, foi feita a partir da análise de rochas vulcânicas no Havaí, e oferece novos insights sobre a dinâmica profunda do interior terrestre.
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A maior parte do ouro e de outros metais preciosos do planeta – cerca de 99,9% – permanece concentrada no núcleo, protegido por milhares de quilômetros de rochas sólidas e quase intransponíveis. No entanto, uma equipe de cientistas liderada pelo geoquímico Nils Messling, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, encontrou sinais do metal rutênio, pertencente ao grupo da platina, em amostras de origem vulcânica que só poderiam ter vindo das profundezas do manto terrestre, mais precisamente da fronteira entre o núcleo e o manto, a cerca de 2.900 km abaixo da superfície.
“Quando os primeiros resultados chegaram, percebemos que tínhamos literalmente encontrado ouro!”, afirmou Messling em comunicado. “Nossos dados confirmam que materiais do núcleo, incluindo ouro e outros metais preciosos, estão migrando para o manto.”
O achado foi possível graças à análise de isótopos presentes nas rochas havaianas, que revelaram uma assinatura química compatível com materiais que só existem em grandes profundidades. Isso sugere que há um fluxo contínuo — embora extremamente lento — de elementos do núcleo para o manto, que acabam sendo transportados para a superfície por meio da atividade vulcânica.
A estrutura da Terra é composta por três grandes camadas: a crosta, que forma a superfície sólida; o manto, responsável por movimentações geológicas como terremotos e vulcanismo; e o núcleo, dividido entre uma parte externa líquida, rica em metais fundidos, com cerca de 2.300 km de espessura, e um núcleo interno sólido, composto principalmente por ferro, com aproximadamente 2.440 km de diâmetro.
A descoberta levanta novas questões sobre a interação entre essas camadas e o papel do núcleo na composição química da crosta terrestre. Além disso, pode ajudar a explicar a presença de metais preciosos em regiões geologicamente ativas.
Este estudo se soma a outras pesquisas recentes que indicam que o núcleo terrestre pode conter traços de hélio primordial, restos do nascimento do sistema solar, além de influências duradouras de antigos oceanos de magma formados nos primórdios da Terra.
Com informações do site livescience
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