A Embraer anunciou nesta quinta-feira (3) a demissão de 900 funcionários da empresa no Brasil. O montante, segundo a companhia, equivale a 4,5% do seu efetivo total. A medida, de acordo com a fabricante de aviões, decorreu dos impactos causados pela covid-19 na economia global e pelo cancelamento da parceria com a Boeing.
“O objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia”, destacou a Embraer, em nota.
Segundo a empresa, a pandemia afetou principalmente o seu setor de aviação comercial que, no primeiro semestre de 2020, apresentou redução de 75% das entregas de aeronaves, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A Embraer ressaltou que a situação se agravou com a necessidade de duplicação de estruturas para atender a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada com a Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte aéreo no curto e médio prazo.
“Desde o início da pandemia, a Embraer adotou uma série de medidas para preservar empregos como férias coletivas, redução de jornada, lay-off, licença remunerada e três planos de demissão voluntária (PDV). Também reduziu o trabalho presencial nas plantas industriais com o objetivo de zelar pela saúde dos colaboradores e garantir a continuidade dos negócios”, disse, em nota.
Segundo a empresa, os três PDVs realizados registraram adesão voluntária de cerca de 1,6 mil empregados no Brasil.
Sindicato
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos disse que as demissões foram feitas sem qualquer negociação com os trabalhadores e em desacordo com compromisso da companhia de preservar empregos, assinado em abril. A entidade representante dos trabalhadores ressaltou ainda que as dificuldades enfrentadas pela empresa foram causadas pela má gestão do conselho administrativo da Embraer na negociação com a Boeing, e não pela pandemia da covid-19.
“As demissões foram feitas sem qualquer negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ferindo acordo para preservação de emprego assinado em 9 de abril (cláusula 8.1), justamente num período de calamidade pública provocada pela pandemia do coronavírus”, disse o sindicato em nota.
“Estudos mostram que as dificuldades financeiras foram provocadas pela má gestão do Conselho Administrativo na negociação com a Boeing. As perdas geradas pelo processo de venda chegaram a R$ 1,2 bilhão. Já as geradas pela pandemia ficaram em R$ 83,7 milhões”, acrescentou a entidade.
O sindicato destacou que vai cobrar do poder público medidas que proíbam as demissões e ressaltou que a Embraer recebeu, em 2020, R$ 3 bilhões em financiamento aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos privados.
Como forma de preservar os empregos, o sindicato disse que irá propor à Embraer o cancelamento imediato de todas as demissões, inclusive as relativas ao PDV, estabilidade no emprego, e equalização dos altos salários da empresa.
“De acordo com documento oficial da Embraer, anexado em processo judicial na 3ª. Vara Federal de São José dos Campos, há pessoas recebendo mais que um salário mínimo por dia na empresa (doc. 4 do processo). A equalização salarial poderia preservar centenas de empregos na fábrica”.
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