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Dois meses após morte de filho no Canadá, brasileiro cobra respostas

A família brasileira do menino de 4 anos que morreu após ser atropelado por um ônibus, no dia 28 de maio, em Vancouver, no Canadá, vive o drama de não ter respostas da investigação sobre o caso. A mãe do menino Leonardo Pedro Schramm Machado, a fonoaudiól

José Maria Tomazela (via Agência Estado)

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Escrito por José Maria Tomazela (via Agência Estado)
Publicado em 25.07.2025, 08:42:00 Editado em 25.07.2025, 08:55:05
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A família brasileira do menino de 4 anos que morreu após ser atropelado por um ônibus, no dia 28 de maio, em Vancouver, no Canadá, vive o drama de não ter respostas da investigação sobre o caso. A mãe do menino Leonardo Pedro Schramm Machado, a fonoaudióloga cearense Silvana de Oliveira Schramm, continua internada em estado grave e, segundo o marido, Clineu Machado, ainda não sabe que perdeu o filho.

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Ao lado da luta pela saúde da esposa, Clineu, que é arquiteto e vive há cerca de 20 anos no Canadá, pede justiça e o reconhecimento da culpa da empresa de ônibus pelo acidente.

A Polícia de West Vancouver informou que investiga as circunstâncias do acidente e oferece apoio à família (leia mais abaixo). O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por meio do Consulado-Geral em Vancouver, vem prestando a assistência consular cabível à brasileira e a seus familiares.

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Pai, mãe e filho têm dupla cidadania - canadense e brasileira. Clineu conta que sua mulher e o filho tinham saído a passeio para aproveitar a primavera na cidade e fizeram uma excursão de balsa até a Ilha de Bowen, na baía de Horseshoe. Ele não foi, mas recebeu pelo celular fotos feitas pela esposa de cada momento do passeio. As imagens mostravam a criança se divertindo na companhia de Silvana.

Na mesma tarde, após retornarem do passeio, mãe e filho foram atingidos por um ônibus que subiu a calçada do terminal onde estavam à espera da condução para casa. Eles ficaram presos sob a estrutura do veículo. Leonardo morreu ainda no local. Silvana foi socorrida com ferimentos graves. Outra mulher, amiga da família, também se feriu, mas já teve alta.

O acidente causou comoção na cidade e repercutiu na imprensa local.

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De acordo com o brasileiro, o veículo se deslocou mesmo com as portas abertas, o que sinaliza para uma falha no sistema de frenagem. "Espero mais celeridade por parte da polícia em concluir rapidamente esta investigação, apontando as falhas ocorridas para que mudanças adequadas possam ser implementadas no sistema de transporte local, para evitarmos que novas tragédias como essas venham a ocorrer novamente", diz ao Estadão.

Clineu é engenheiro de segurança e avalia que as portas abertas do ônibus deveriam ter contido automaticamente qualquer movimento do veículo. "É até bizarro imaginar que um ônibus parado acelere de repente e atropele três pedestres que estão para ingressar nele, mas infelizmente isso ocorreu e explicações precisam ser trazidas à luz para esclarecimentos e fechamento deste caso", diz.

Ele acredita que o motorista não teve culpa no acidente e espera que isso seja confirmado pela investigação. "Parece claro que faltou freio ao veículo e ele se moveu com as portas abertas, o que é uma falha técnica primária."

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No dia 3 de junho, o cônsul-geral do Brasil em Vancouver, Nestor Foster Jr, enviou carta ao prefeito Mark Sager pedindo que a família seja mantida informada sobre a investigação das responsabilidades pelo acidente conduzida pelas autoridades canadenses, bem como outras medidas adotadas pela Cidade de West Vancouver em relação ao caso. O consulado também oficiou a chefe da Polícia de Trânsito da Região Metropolitana de Vancouver cobrando rapidez na apuração.

Apesar disso, o processo demora, segundo o advogado da família, Tiago Rodrigues. "Estamos indo para dois meses após o acidente e não fomos informados até o momento de uma posição sobre a investigação. Considerando a natureza do acidente, não me parece justificável que a investigação leve tanto tempo, ao menos para que haja uma posição inicial. As circunstâncias do acidente foram bem particulares. Entendo que não se descarta a possibilidade de erro mecânico."

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Procurada pelo Estadão, a Translink (empresa de transportes de Vancouver), informou que também aguarda o resultado das investigações que são feitas pela polícia de West Vancouver. "Continuamos com o coração partido pela tragédia ocorrida perto do Terminal de Balsas de Horseshoe Bay no final de maio. Como a investigação está em andamento, não podemos fazer mais comentários", diz.

A Polícia de West Vancouver informou que a família de Clineu Machado é apoiada pelo Programa de Serviços às Vítimas da instituição e que tem prestado todas as informações sobre o andamento das investigações sobre o acidente. "Em reconhecimento aos trágicos eventos ocorridos em Horseshoe Bay, o Departamento de Polícia de West Vancouver novamente expressa suas sinceras condolências à família e aos entes queridos da criança que tragicamente perdeu a vida", diz.

O ônibus envolvido no acidente foi apreendido e passou por inspeção mecânica. Os laudos são elaborados. As investigações preliminares sugerem que a velocidade não foi um fator predominante para o acidente. "O Departamento de Polícia de West Vancouver está trabalhando em colaboração com o Serviço Integrado de Análise e Reconstrução de Colisões (Icars) e a Divisão de Segurança e Fiscalização de Veículos Comerciais para apurar todas as circunstâncias deste trágico evento", disse.

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Situação da mãe ainda é delicada

Passados quase dois meses, Silvana continua internada e vai ser submetida a uma cirurgia delicada. Clineu conta que no dia 9 de julho ela passou por uma cirurgia difícil, que durou quase 10 horas.

O drama imediato é salvar a perna direita de Silvana, que teve a musculatura muito comprometida. A fonoaudióloga também teve fraturas no pé. "Estamos aguardando uma boa conclusão para o quadro clínico grave de minha esposa, que ainda está em aberto, e os médicos estão buscando soluções para concluir sua cirurgia de quadril de forma satisfatória. Ela poderá necessitar ainda de um grande transplante de tecidos na área do osso do cóccix", explica.

Clineu vive há mais de duas décadas no Canadá e conheceu a fonoaudióloga em uma viagem para Fortaleza, onde ela vivia com a família. Após o casamento, Silvana foi morar com o marido em Vancouver. O pequeno Leonardo, filho único do casal, nasceu em outubro de 2020.

Sem conseguir trabalhar, o arquiteto brasileiro diz que tem se valido da ajuda de amigos e de doações.

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