No inverno, fechar portas e janelas vira hábito, e o que deveria proteger pode virar risco. Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), o ar dentro de casa pode ser de 2 a 5 vezes mais poluído que o ar externo, sobretudo quando a ventilação é reduzida.
Além disso, passamos a maior parte do tempo em ambientes fechados, cerca de 90% do tempo, segundo estudos compilados pela própria EPA. Fator que aumenta a exposição cotidiana a poluentes domésticos.
A pergunta que guia esta reportagem: de onde vem essa poluição interna e como proteger quem mais sofre com ela, crianças, idosos e pessoas com asma ou rinite?
Os vilões invisíveis: de onde vem a contaminação interna
A lista de fontes é longa, mas pode ser entendida em três grupos. Primeiro, os Contaminantes Biológicos: mofo e bolor em paredes úmidas, esporos, ácaros em colchões e estofados, além de bactérias e vírus que circulam em ambientes fechados. Esses agentes disparam crises alérgicas e infecções respiratórias.
Em segundo lugar, os Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), gases liberados por tintas, móveis novos, produtos de limpeza e fragrâncias. Exposição crônica a VOCs causa irritação de mucosas e pode agravar doenças respiratórias.
Por fim, os poluentes de combustão: fogões a gás sem exaustão adequada, fumaça de cigarro e queima de velas liberam monóxido de carbono, NO₂ e material particulado (PM2.5), todos associados a maior risco de DPOC, AVC e problemas cardiovasculares. A combinação desses vetores torna o ar interno um coquetel perigoso quando não há renovação.
Os sintomas que você ignora: a Síndrome do Edifício Doente
A Síndrome do Edifício Doente (Sick Building Syndrome) é um rótulo técnico para um conjunto de sintomas, dor de cabeça, fadiga, irritação ocular, garganta arranhando, tosse e coriza, que melhoram ao deixar o ambiente. A OMS reconhece o conceito e associa esses sinais à má qualidade do ar interior.
Para famílias com crianças pequenas, idosos e asmáticos, esses sintomas não são meros desconfortos: podem significar crises asmáticas, piora de doenças crônicas e maior busca por serviços de saúde nos meses frios. Identificar que o ambiente doméstico contribui para o problema é o primeiro passo para agir. Inclusive, é preciso ter cuidado redobrado com a saúde no inverno, devido aos perigos do frio.
Guia prático: como se proteger e purificar o ar de casa
Antes da tecnologia, vêm as medidas simples e essenciais. Abrir as janelas por 15 a 30 minutos diariamente renova o ar; secar roupas fora do ambiente principal e usar exaustores no banho e cozinha controla a umidade; limpar com pano úmido evita elevar a poeira e espalhar ácaros.
Essas ações são a base do controle. No entanto, para quem sofre mais com alergias ou vive em grandes centros urbanos onde abrir a janela pode significar a entrada de mais fuligem e poluição, a tecnologia pode ser uma aliada fundamental para garantir um ambiente mais seguro.
Os filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) são um padrão reconhecido: filtros HEPA de qualidade removem até 99,97% das partículas de 0,3 µm (equivalente a 0,0003 milímetros), e, na prática, também capturam partículas maiores e menores graças a mecanismos físicos como difusão e interceptação.
Estudos práticos reforçam o benefício: unidades portáteis com HEPA que atendem ao CADR – Clean Air Delivery Rate (Taxa de Fornecimento de Ar Limpo) – recomendado podem reduzir significativamente a exposição a aerossóis, diminuindo o risco de transmissão de vírus em ambientes fechados quando combinadas com outras medidas.
Antes de escolher um equipamento, verifique:
● Capacidade do aparelho para o tamanho do cômodo (m² / CADR).
● Tipo de filtro: True HEPA + pré-filtro; carvão ativado para odores e VOCs.
● Manutenção: facilidade de trocar filtros e custo de reposição.
Para quem busca essa proteção extra, consultar modelos de ar-condicionado com tecnologias de filtragem avançada é o primeiro passo para transformar o ar de casa em um refúgio de saúde.
Prioridades para quem tem crianças ou idosos: medidas urgentes
Famílias com membros vulneráveis devem priorizar três ações imediatas. Afinal, a saúde do idoso requer atenção especial com as temperaturas mais baixas.
Primeiro, monitorar sinais de mofo e resolver infiltrações; umidade controlada reduz esporos e ácaros. Segundo, evitar produtos perfumados e sprays dentro de casa que elevam VOCs. Terceiro, considerar a compra de sistemas de filtragem certificados (HEPA) para quartos e áreas de convivência.
É importante lembrar que a purificação não substitui ventilação: filtrar + ventilar é a combinação que entrega melhores resultados para reduzir poluentes e microrganismos no ar.
Conclusão
A qualidade do ar interno é um pilar da saúde pública tão relevante quanto a alimentação e higiene. Organismos como a EPA e a OMS documentam o impacto severo da poluição doméstica, a OMS estima milhões de mortes relacionadas à poluição residencial globalmente e o Brasil regula parâmetros para ambientes climatizados coletivos pela Resolução RE nº 9 da ANVISA, que estabelece limites e práticas para reduzir riscos.
No inverno, o risco aumenta, mas as soluções também são claras: medidas comportamentais simples, controle da umidade, limpeza eficiente e, quando necessário, tecnologia de filtragem avançada como HEPA. Tomar essas providências é um ato de cuidado concreto, e relativamente barato, para proteger quem mais depende de um ar seguro dentro de casa.
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