Avião que caiu no Pantanal operava irregular, aponta investigação
A aeronave explodiu ao atingir o solo, matando os quatro ocupantes

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul confirmou que o avião que caiu na noite de terça-feira (23), na região da Fazenda Barra Mansa, no Pantanal, voava de forma irregular. A aeronave não possuía autorização para transporte remunerado de passageiros e realizava voos após o pôr do sol, o que é proibido pelas regras de navegação visual diurna (VFR Diurno).
O acidente ocorreu por volta das 18h, a cerca de 100 metros da pista de pouso da fazenda, que é conhecida por receber turistas do Brasil e do exterior. A aeronave explodiu ao atingir o solo, matando os quatro ocupantes: o arquiteto chinês Kongjian Yu, o documentarista Luiz Ferraz, o diretor de fotografia Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros.
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Histórico do piloto e situação da aeronave
Segundo o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o voo deveria ter sido encerrado até as 17h39, horário limite para uso da pista da fazenda.
O piloto Marcelo Barros já havia sido investigado na Operação Ícaro, em 2019, por transporte irregular de passageiros. Na ocasião, o avião foi apreendido por apresentar documentação adulterada e teve o certificado de aeronavegabilidade cancelado. Após reforma e decisão judicial, o uso da aeronave foi liberado apenas para fins particulares, sem permissão para táxi-aéreo.
A Polícia Civil apura se a viagem, organizada por uma produtora para gravações de um documentário sobre “cidades-esponjas” — conceito urbanístico que busca soluções sustentáveis para áreas urbanas —, fazia parte de um esquema de transporte clandestino.
Depoimentos e investigação
Testemunhas afirmaram que o avião realizou pousos e decolagens ao longo do dia. No momento da queda, não havia registro de más condições climáticas. Funcionários da fazenda chegaram a relatar que o piloto teria arremetido por causa de uma manada de queixadas na pista, mas a versão foi descartada pela delegada Ana Cláudia Medina, que explicou que os animais já haviam deixado o local.
O Seripa IV, unidade regional do Cenipa, foi acionado para apurar as circunstâncias do acidente. A investigação técnica vai analisar fatores como o desempenho da aeronave, os horários dos voos e possíveis falhas operacionais, sem atribuir responsabilidades nesta fase.




