Justiça determina soltura de mulher trans presa em Arapongas
Mulher trans, presa por roubo, teve o cabelo raspado e foi colocada em cela com detentos homens, no mini presídio de Arapongas
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A mulher transgênero, presa em Arapongas na semana passada e que teve o cabelo raspado e chegou a ser colocada em cela comum do mini presídio, junto com detentos homens, foi liberada nesta sexta-feira (15) e já
está em casa. A liberdade da mulher foi determinada pela Justiça, em decisão
publicada nesta quinta-feira (14).
A decisão foi da juiza Raphaella Benetti da Cunha Rios,
titular da 1ª Vara Criminal da Comarca de Arapongas, considera, entre outros aspectos, a primariedade da presa, que não tinha antecedentes criminais. Em liberdade condicional,
a mulher trans será monitorada pela justiça pelo prazo mínimo de 180 dias,
através de tornozeleira eletrônica. Nesse período, ela terá que cumprir uma
série de exigências da Justiça.
A juíza que determinou a soltura da mulher trans também
determinou a expedição de ofício à autoridade policial para apresentar
esclarecimentos em relação às declarações prestadas de que a então custodiada
da Justiça fora vítima de discriminação, “e por qual motivo específico fora
realizado o corte de seu cabelo”. A Juíza também determinou a abertura do
Inquérito Policial visando a apuração do crime de tratamento diferenciado,
sobretudo em razão da orientação sexual da pessoa presa.
Em trecho da manifestação pelo restabelecimento da liberdade
da mulher, em medida cautelar de monitoramento eletrônico, a juíza destacou que
“Infelizmente, pelas notícias trazidas, houve tratamento inadequado quando da
segregação da requerente, transparecendo que outra pessoa parece ter sido
vitimada: ela própria. Ou seja, tem-se que eventual corte de cabelo atenta
contra o íntimo de Eloá, pois ele é um elemento de afirmação do “feminino”.
Logo, o ato de raspa-lo fere a própria dignidade da requerente”.
Na sequência, a juíza assinala: “Em que pese a ponderação do
diligente agente ministerial, que pontua a gravidade em concreto do crime, e
ainda que a defesa tenha aludido que Eloá estaria sendo “bem tratada” pelos
presos, considero que a sua permanência à mercê de quem supostamente teria
atentado contra sua dignidade (sejam os agentes ou a própria comunidade
carcerária masculina, o que será de forma escorreita apurado) poderá lhe causar
alguma outra consequência mais grave, que se pretende neste momento evitar”.
A mulher recebeu a tornozeleira eletrônica na tarde desta
sexta-feira (15).
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