Arapongas é o município que mais contratou estrangeiros em 2021 na microrregião de Apucarana, no norte do Paraná. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do governo federal, mostra que 155 pessoas de várias nacionalidades conseguiram trabalho com carteira assinada no período. O número representa quase a metade dos 346 imigrantes contratados naquele mesmo ano na microrregião que compreende nove cidades no total. Assista o vídeo no fim do texto.
O relatório mostra que o município empregou estrangeiros vindos da Bolívia, Chile, Paraguai, Venezuela, Peru, Inglaterra, Suíça, Haiti, Japão, Portugal, Cuba, Angola e de outros países. A maioria estava empregado na indústria de transformação (106), sendo 46 na indústria da madeira e mobiliário e 41 na indústria de alimentos e bebidas. Os setores de comércio e serviços também contrataram 45 estrangeiros naquele ano conforme o Rais.
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Apucarana teve o segundo maior número de trabalhadores imigrantes:139. Novamente, o setor industrial foi o que mais empregou com um total de 86 estrangeiros contratados, dos quais 49 na indústria têxtil e 12 na indústria de alimentos e bebidas. Os setores de comércio e serviços também contrataram 45 estrangeiros.
No ranking regional, Cambira atingiu o terceiro maior número de trabalhadores estrangeiros no mercado formal, com 22 pessoas empregadas também na indústria.
Em todos os três municípios a indústria foi a responsável pelo maior número de contratações. O economista Rogério Ribeiro, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Apucarana, explica que isso ocorre, pois, a mão-de-obra nacional tem preferência por segmentos que remuneram mais. Dessa forma, o setor industrial acaba por absorver mão-de-obra de migrantes, tantos de imigrantes.
Dos 346 imigrantes, a maioria são haitianos (185) e venezuelanos (42) que saíram de seus países por conta de crises humanitárias. Segundo o economista, esses trabalhadores vieram em busca de uma sobrevivência fora de seus países e de seus familiares. “Aliado a isto temos a boa receptividade do governo brasileiro em acolher estes refugiados. No caso dos haitianos as oportunidades vieram com as obras para a Copa do Mundo de 2014 que contrataram muitos trabalhadores e as possibilidades de empregos nos setores de alimentação e hospitalidade. Vieram e ficaram. Posteriormente, também vieram amigos e parentes. O mesmo está acontecendo com os venezuelanos”, analisa.
Ribeiro observa, entretanto, que o número de estrangeiros na região e no país seja bem maior do que mostram os dados do mercado formal. “Basta considerarmos que muitos destes estrangeiros podem estar na atividade informal e outro tanto desempregada, sem falar nas crianças e idosos que não trabalham. É uma temática que os governos devem se atentar tanto para auxiliar estes estrangeiros quanto para lançar políticas públicas de acolhimento e de equilíbrio econômico e social nas regiões de destino”, analisa.
ARAPONGAS
O secretário de Desenvolvimento, Inovação, Trabalho e Renda, Paulo Grassano, destaca a importância dessas contratações para os imigrantes recomeçarem a vida no país. “A maior dificuldade quando se muda de país é encontrar o primeiro emprego. Além disso, muitos imigrantes mandam dinheiro para fora, se preocupam muito com isso. Muitos vêm sozinhos e juntam dinheiro para trazer os demais familiares. O trabalho é a única maneira de reunir a família que muitas vezes está separada”, ressalta
O secretário destaca também que para as empresas é importante ter essa mão de obra que é mais determinada. “Por conta dessa necessidade, os imigrantes não escolhem emprego e têm uma grande facilidade de adaptação o que colabora com a contratação”, assinala.
VENEZUELANO RECOMEÇOU A VIDA EM APUCARANA
Desde 2017, com o agravamento da crise humanitária na Venezuela, o Brasil acolheu mais de 414 mil venezuelanos, segundo o Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes. Jhon Jairo, 47 anos é um deles. Inicialmente ele foi para Santa Catarina, mas em 2018 decidiu mudar para o Paraná, por sugestão de um sobrinho que se estabeleceu em Arapongas naquela mesma época.
“Fiquei sete meses em Santa Catarina e nesse tempo consegui trazer minha família, esposa e dois filhos. Na época eu trabalhava como entregador e estava difícil arrumar emprego e escola para meu filho pequeno então decidir mudar”.
Jairo, que era trabalhador autônomo na Venezuela, ficou um tempo em Arapongas, mas quando conheceu Apucarana decidiu mudar de cidade novamente. De lá para cá passaram cinco anos e atualmente toda a família trabalha no mercado formal em Apucarana. Jairo é costureiro em uma fábrica de bonés, bem como sua esposa. O filho mais velho, de 20 anos, trabalha em uma lanchonete e o mais novo, de 6 anos, estuda na rede municipal.
“Não tivemos dificuldade de encontrar emprego em Apucarana. Nós como estrangeiros, nunca sofremos preconceito aqui, pelo contrário, as pessoas são muito caridosas e acolhedoras”, afirma.
Nestes cinco anos a família já conquistou um veículo e tem planos de comprar a casa própria e futuramente trazer o pai de Jairo que ainda mora na Venezuela.
Assista a entrevista com Jhon Jairo:
Desde 2017, com o agravamento da crise humanitária na Venezuela, o Brasil acolheu mais de 414 mil venezuelanos, segundo o Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes. Jhon Jairo, 47 anos é um deles. Inicialmente ele foi para Santa Catarina, mas em 2018 decidiu mudar para o Paraná, por sugestão de um sobrinho que se estabeleceu em Arapongas naquela mesma época. tnonline
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