Vira-lata Juca conquista comerciantes e vira xodó no centro de Apucarana (PR)
Cachorro de rua caramelo recebe carinho e cuidado de várias pessoas na área central da cidade; veja
Receba notícias no seu Whatsapp Participe dos grupos do TNOnline
Um vira-lata caramelo de rotina peculiar e muitos “empregos” virou personagem conhecido de comerciantes e clientes no centro de Apucarana, no Norte do Paraná. Chamado de Juca, o cão circula diariamente por lojas, açougues, farmácias e estacionamentos de veículos, entre outros estabelecimentos comerciais. Em todos esses locais, é recebido com carinho e, é claro, com muitos petiscos. Veja o vídeo acima
A história desse cachorro de rua, que se tornou mascote da região, é marcada pela dedicação de várias pessoas. Entre elas - não é meme! - estão duas Márcias, uma do estacionamento e outra das Lojas Pernambucanas.
📰 LEIA MAIS: Equipes de Apucarana conquistam bons resultados em torneios de bocha
A primeira “família” do caramelo nasceu há mais de 11 anos, quando ele passou a acompanhar a rotina de Márcia Damaris Purceno, proprietária de um estacionamento na Rua Osório Ribas de Paula, atrás da Pernambucanas.
Ela já cuidava de dois cães, Mel e Fred, quando o novo visitante apareceu timidamente. Aos poucos, Juca foi se aproximando pela comida, pela água e pelo aconchego.
“Ele foi ficando, ficando… até que comprei uma casinha pra ele também”, relembra Márcia.
Mesmo tendo o abrigo à disposição, Juca nunca abandonou o espírito livre. “Ele não gosta de ficar preso. Dorme onde quer, passa o dia onde acha melhor”, explica.
Durante a pandemia, Márcia chegou a levar os animais para casa, mas Juca logo expandiu seus territórios: ali conheceu o pessoal do Fred Lanches — onde até hoje é recebido com salsichas e adotou novos pontos para dormir e circular.
Apesar de bastante conhecido e querido, Juca não é do tipo que se deixa agradar por qualquer um. “Ele é sistemático”, descreve Márcia. “Com quem ele gosta, ele guarda. Se estou chegando no estacionamento, ele acha que alguém pode fazer algo comigo e vai defender.”
Márcia conta que, por vezes, ele aparece machucado após correr atrás de motos ou tentar se defender de pessoas que reagem com violência.
Ainda assim, a liberdade segue sendo sua marca. “Se ele quisesse, ficaria em casa como os outros. Mas gosta de escolher onde vai, onde dorme, onde passa o dia”, diz a tutora.
Se Juca tem um carinho especial por alguém, essa pessoa é Márcia Rosa Soares, líder de equipe da Pernambucanas. Ela é conhecida na loja como a “outra Márcia do Juca”.
A relação começou de forma simples, durante as idas ao estacionamento. Hoje, a amizade virou rotina. “Eu trago a ração dele, os petiscos… Ele sabe o horário em que chego. Se não me encontra, procura, dá uma olhadinha, e depois volta”, conta.
Juca também recebe caronas dela até a casa da outra Márcia, quando decide que é hora de descansar num lugar mais quentinho. “Ele só entra no carro se quiser. Se não quer, ele rosna dizendo que não é dia”, brinca.
Dentro da loja, virou mascote oficial: tem caminha, potes, cantinho preferido e até caixas disputadas com Mel, sua companheira canina.
“Ele traz alegria. Descontrai o dia, quebra o peso da rotina. Animal tem esse poder”, diz Márcia, que é tutora de quatro cães e sete gatos. A paixão por animais é tão grande que, mesmo nas férias, ela vai até a loja visitar o amigo. “Ele sente falta.”
O cãozinho tem uma rotina conhecida por todos no centro, acompanhando os mais diversos trabalhadores da área central. O "expediente" começa cedo: ele é gari de manhã, segurança à tarde e ‘fiscal’ de barraquinha de cachorro quente à noite.
O gerente Gildo Freitas de Fonseca é outro personagem importante da vida do caramelo. Segundo ele, o primeiro “trabalho” de Juca acontece logo cedo. “Ele acompanha o tio que varre a rua. Vai vigiando o carrinho e o tio fala que ninguém mexe, porque quem cuida é o Juca”, relata.
Depois disso, o cão passa pela Pernambucanas para comer e deitar embaixo da mesa de Gildo. Quando quer ir embora, cutuca a perna dele o gesto que usa com todos para pedir algo.
Ao longo do dia, alterna cochilos no estacionamento, idas ao comércio e visitas à farmácia.
No fim da tarde, inicia o “segundo turno”: vigiar o Fred Lanches e receber recompensas calorosas. “Um dia vi ele comer sete salsichas. Sete!”, conta o gerente, entre risos.
Entre cochilos, caronas, longas caminhadas e pedaços de salsicha, Juca se tornou mais do que um cachorro de rua. Virou um símbolo da Avenida Curitiba.
📲Clique aqui para entrar no nosso grupo do WhatsApp e receber nossas notícias em primeira mão
“Ele é diferente, cativa pelo jeitinho dele”, resume Márcia do estacionamento.
“Quando ele gosta de você, não te abandona nunca”, completa Márcia da Pernambucanas.
No fim, Juca talvez não saiba quantos “empregos” tem. Mas sabe onde é querido. E escolhe, todos os dias, estar ao lado de quem fez dele parte da família mesmo que essa família seja espalhada por quarteirões inteiros.
Últimas em Apucarana
Mais lidas no TNOnline
Últimas do TNOnline