Procura por autoescolas cai 70% em Apucarana e setor cita demissões

As novas regras do Conselho Nacional do Trânsito (Contran) para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) já geram impactos econômicos no setor de autoescolas. Segundo Rildo Galeriani Nascimento, proprietário de autoescola e presidente da Associação das Autoescolas de Apucarana (Acefocap), a especulação sobre as mudanças provocou uma queda de 70% na procura por novas habilitações no município e no Paraná nos últimos quatro meses. Muitas pessoas estavam aguardando a publicação das normas, que acaba com a obrigatoriedade de passar por uma autoescola e barateia a CNH em até 80%.

Ainda de acordo com dados da Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Fenauto), citados por Rildo, estima-se que 50 mil demissões já ocorreram em todo o Brasil neste primeiro momento. "Não há por que manter uma equipe de atendentes e instrutores se não teremos alunos. Sabemos que existem autoescolas que já têm funcionários cumprindo aviso prévio", lamentou.

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Dentre as mudanças, que começam a valer a partir desta quarta-feira (10), estão: curso teórico gratuito e online, fornecido pelo governo; aulas práticas obrigatórias passam de 20h para 2h e podem ser ministradas por instrutores autônomos; veículo próprio pode ser utilizado tanto nas aulas quanto nos exames, incluindo o automático e o prazo para a finalização do processo, que antes era de até um ano, deixa de existir.

Segurança viária em risco

Um dos pontos mais polêmicos da nova legislação é a possibilidade de redução da carga horária obrigatória das aulas práticas, de 20 horas para apenas 2 horas, e a permissão de instrutores autônomos.

Para Rildo, que atua no setor há 39 anos, a medida é preocupante, especialmente em grandes centros urbanos. "Os especialistas são todos contra. Estamos falando de uma lei federal, como uma pessoa vai aprender a dirigir em São Paulo, por exemplo, com duas aulas? O trânsito hoje não tem espaço para erro", avaliou.

O presidente da associação também destacou o risco da realização das aulas e exames sem o "duplo comando" (sistema de freios auxiliar do instrutor). "Pela experiência que nós temos, para poder dirigir, a pessoa precisa ter um treinamento muito bom, porque não é só a vida dela que está em risco, a das outras pessoas também. Quanto menos for exigido na formação, pior será o trânsito”, alertou.

Aguardando o Detran-PR

Segundo o Governo Federal, a nova resolução visa modernizar, simplificar e baratear o processo da CNH. Para se ter uma ideia, dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação e outros 30 milhões já têm idade para tirar a CNH, mas não possuem condições financeiras.

Rildo explicou, no entanto, que o ideal agora é aguardar um posicionamento oficial do Detran-PR (Departamento Estadual de Trânsito do Paraná). “O Governo lançou a ideia, mas ainda não regulamentou como vai funcionar porque quem vai aplicar são os estados”, concluiu.