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Não é apenas Bolsonaro: todos candidatos venceram com ampla vantagem em Apucarana

FHC, Alckmin, Serra, Aécio e Collor superaram Lula e outros adversários petistas com facilidade na cidade; veja os números

Da Redação

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Bolsonaro, FHC, Alckmin, Serra, Aécio e Collor venceram Lula e petistas com facilidade
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Bolsonaro, FHC, Alckmin, Serra, Aécio e Collor venceram Lula e petistas com facilidade
Escrito por Da Redação
Publicado em 04.06.2025, 14:56:21 Editado em 04.06.2025, 15:47:23
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), identificado com o movimento de extrema-direita, não foi o único candidato que venceu as eleições com larga vantagem em Apucarana (PR) desde a redemocratização. Por conta de uma forte rejeição ao PT na cidade, todos os nomes que disputaram as eleições na cidade - a maioria políticos do centro - venceram com facilidade as eleições localmente, mesmo quando Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram eleitos.

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Na segunda-feira (02), a Câmara de Vereadores aprovou, em primeiro turno, o título de Cidadão Honorário do município ao ex-presidente Jair Bolsonaro em sessão marcada por tumulto. Na oportunidade, vereadores justificaram a homenagem dizendo que “Apucarana é bolsonarista”.

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Historicamente, no entanto, Apucarana sempre elegeu candidatos de centro (Collor, Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves) e até mesmo com origem na centro-esquerda (Fernando Henrique Cardoso). Bolsonaro é o único de extrema-direita escolhido pela população desde a redemocratização.

Na primeira eleição com voto direto após o período da ditatura militar, o ex-presidente Fernando Collor, hoje sem partido, venceu com 75,74% dos votos contra 24,26% conquistados por Lula. O maior percentual, no entanto, foi obtido por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na sua reeleição em 1998, quando obteve 78,83% dos votos contra 14,85% do petista. Ele também já havia batido Lula em 1994 (67,99% x 17,32%).

Até mesmo quando venceu a eleição nacionalmente, Lula foi derrotado em Apucarana. Em 2002 perdeu para José Serra (PSDB), que fez 55,11% a 44,89% dos votos. A diferença de mais de 10% foi o melhor resultado do petista na cidade até hoje. Em 2006, Lula perdeu para Geraldo Alckmin (PSDB) – hoje vice-presidente- por 63,94% a 36,06%. Em 2022, quando voltou ao poder, perdeu de Bolsonaro: 70,60% a 29,40%.

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Dilma também não teve sorte na cidade. Perdeu para Serra em 2010 (69,56% x 30,44%) e para Aécio Neves (PSDB) em 2014 (66,81% x 33,19%).

Fernando Haddad (PT) também foi derrotado. O atual ministro da Fazenda fez 22,40% dos votos contra 77,60% de Bolsonaro em Apucarana, que também foi eleito nacionalmente na oportunidade.

O professor de ética e filosofia política da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Miguel Cenci, explica que Apucarana, assim como os municípios do Sul do Brasil, tem um eleitor conservador. E isso não tem a ver necessariamente com Bolsonaro.

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“O eleitor, nesse cinturão do agronegócio, que vai do Rio Grande do Sul, parte de São Paulo e chega ao Mato Grosso do Sul, tende a votar na direita e na extrema direita. É um eleitorado que não vota na esquerda, apesar de algumas exceções em âmbito municipal, como em Londrina, que elegeu três vezes prefeitos petistas e Apucarana, uma vez”, explica o professor.

Segundo ele, esse antipetismo não chega a ser uma novidade. “O eleitor dessa região do país costuma embarcar nesse discurso anticomunista. Não é por menos que a maioria dos presidentes do regime militar, por exemplo, vieram do Rio Grande do Sul”, cita.

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Sobre as vitórias obtidas pelo PSDB com FHC, Aécio, Alckmin e Serra, Cenci afirma que eles foram vitoriosos porque eram as únicas opções. “Não havia candidatos de direita ou de extrema-direita. O PSDB é, na verdade, um partido de centro. Todos candidatos do PSDB não tinham carisma, mas sempre venceram no Sul”, pontua.

Segundo ele, Bolsonaro ocupou esse espaço vago no coração dos eleitores conservadores. “As pessoas aprovam as ideias dele, mesmo algumas sendo recheadas de preconceito, e têm uma identificação pessoal. Além disso, Bolsonaro tem um carisma próprio e, por isso, mesmo que não deva concorrer nas próximas eleições, é ainda uma liderança política importante no País”, analisa.

O deputado estadual Arilson Chiorato, presidente estadual do PT, reforça que o mau desempenho nas eleições presidenciais é, sim, fruto do perfil conservador dos eleitores de Apucarana e do próprio Sul do Brasil. “Esse ambiente faz com que partidos mais progressistas, como o PT, tenham mais dificuldade eleitoral”, diz.

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Chiorato assinala que esse “bloqueio” – ele prefere não usar o termo “rejeição”– ocorre mesmo com o grande número de investimentos do PT em Apucarana, a maioria trazidos por ele próprio e também pela deputada federal Gleisi Hoffmann.

No entanto, ele rebate a afirmação de muitos vereadores, que justificaram o título de cidadania ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última segunda-feira (02), de que Apucarana é “bolsonarista”. “Falar que Apucarana é bolsonarista é manchar o nome da cidade, porque Bolsonaro é sinônimo de defesa da ditadura militar, que prendeu e matou inúmeras pessoas, inclusive jovens de Apucarana, e também de negacionismo, com as mortes causadas durante a pandemia de covid-19. Apucarana não é isso”, completa o parlamentar.

Veja o resultado do segundo turno de todas as eleições após a redemocratização

2022

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  • JAIR BOLSONARO (PL) 70,60% (Extrema-direita)
  • LULA (PT) 29,40% (Esquerda)

2018

  • JAIR BOLSONARO (PSL) 77,60% (Extrema-direita)
  • FERNANDO HADDAD (PT) 22,40% (Esquerda)

2014

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  • AÉCIO NEVES (PSDB) 66,81% (Centro)
  • DILMA (PT) 33,19% (Esquerda)

2010

  • JOSÉ SERRA (PSDB) 69,56% (Centro)
  • DILMA (PT) 30,44% (Esquerda)

2006

  • GERALDO ALCKMIN (PSDB) 63,94% (Centro)
  • LULA (PT) 36,06% (Esquerda)

2002

  • JOSÉ SERRA (PSDB) 55,11% (Centro)
  • LULA (PT) 44,89% (Esquerda)

1998

  • FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (PSDB) 78,83% (Centro-Esquerda)
  • LULA (PT) 14,85% (Esquerda)

1994

  • FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 67,99% (Centro-Esquerda)
  • LULA 17,32% (Esquerda)

1989

  • COLLOR 75,74% (Centro)
  • LULA 24,26% (Esquerda)

Fonte: TSE e https://geografiadovoto.com/

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