Leis de fomento bancam nova “safra” de projetos culturais em Apucarana
São 40 projetos pela Lei Paulo Gustavo, 51 projetos pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e mais onze pela Política Nacional Cultura Viva

Apucarana (PR) tem mais de cem projetos em execução por meio de leis de fomento à cultura somente em 2025. São 40 projetos pela Lei Paulo Gustavo, 51 projetos pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e mais onze pela Política Nacional Cultura Viva. O apoio governamental vem garantindo que vários artistas locais consigam visibilidade e, em muitos casos, tirar da gaveta projetos que estavam engavetados há anos.
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As novas políticas culturais em vigor podem fazer a diferença principalmente para grupos pequenos e artistas independentes. É o caso de Giovane de Assis, 34 anos, que, entre 2023 e 2024, auxiliou na aprovação de nove projetos pela Lei Paulo Gustavo. Dentre eles, um era seu projeto pessoal. Intitulado “Canetada – A Primeira Linha Não Faz Curva”, um longa-metragem que aborda a memória e a construção do rap, do movimento hip-hop e da cultura de rua de Apucarana e região. “Este projeto estava há mais de cinco anos engavetado e só pôde sair do papel com o recurso da Lei Paulo Gustavo. Tenho convicção que este movimento trouxe oxigênio para a cultura e arte local, instaurando uma nova cena de cinema e produção audiovisual na cidade”, acrescentou.
Em 2024, por meio da PNAB, Giovane conseguiu realizar o sonho de gravar seu primeiro disco solo, depois de quase 20 anos de atuação na área da música.
Rafael Ferreira Vieira, 35 anos, o “Rafa na Raça”, é outro fazedor de arte que foi contemplado pela Lei Federal Paulo Gustavo, na categoria videoclipe, com o Projeto “U-MONO NÃO ME CONTEMPLA!”. Segundo ele, o trabalho foi iniciado lá em 2022, de forma independente, mas teve continuidade por meio deste fomento. “Na minha visão de artista e produtor cultural, o papel mais importante das leis de incentivo à cultura foi o papel de impulsionar ideias inovadoras e proporcionar união entre os artistas que aquecem e movimentam o cenário cultural há mais de 20 anos em Apucarana”, disse.
Rafael ainda fez questão de deixar uma mensagem para os artistas locais, para que eles não esperem apenas as publicações dos editais para fazerem suas artes. “Não deixem de pensar suas produções de maneira independente, mas também não descartem o acesso aos seus direitos enquanto artistas e fazedores de cultura”, afirmou.
Para Larissa de Oliveira Gabriel, 30 anos, que também participou dos editais da Lei Paulo Gustavo e da PNAB, as leis de fomento à cultura são tão importantes porque, além do aspecto econômico, têm o poder de garantir a pluralidade nas produções locais. “Muitos artistas só conseguiram fomentar cultura aqui em Apucarana através dessas leis. Há a questão do protagonismo cultural, periférico negro e indígena, deles também conseguirem colocar seus projetos no mundo, pois antes dessas leis era muito difícil e longe da realidade desses grupos”, explicou.
MATURIDADE
O secretário municipal de Cultura, Rodrigo Liévore, o Recife, comenta que o apoio irrestrito da atual gestão aliado à mobilização dos artistas e produtores da cidade foi fundamental para que esse número fosse tão significativo. “Isso demonstra a grande capacidade de organização para se inscrever e realizar os projetos, o que reflete uma maturidade do setor em Apucarana e um fortalecimento das políticas públicas de fomento à cultura”, explicou.
Ainda de acordo com ele, a música é uma das áreas mais contempladas pelas leis de apoio cultural. Já o audiovisual não fica muito atrás, com destaque para videoclipes, documentários e filmes de ficção. “Ainda assim, é importante ressaltar que houve pluralidade, com as artes visuais, cultura popular, literatura e projetos ligados à diversidade também sendo contemplados, garantindo uma representatividade ampla para o cenário contemporâneo”, comentou o secretário.
Recife aproveitou para afirmar que já é possível ver os efeitos práticos do grande número de ações artísticas na economia local, em especial na geração de emprego e renda para artistas, técnicos, produtores e prestadores de serviço. “Esse impacto não se restringe ao setor cultural, mas também fortalece comércio, alimentação e o turismo, consolidando Apucarana como um polo criativo. Além disso, atrai o público para atividades culturais em diferentes bairros”, complementou.
