Jovem que teve dedos decepados vivia rotina de agressões e abusos, revela familiar; veja
Parente de mulher de 19 anos atacada com facão pelo companheiro revela violência sofrida pela vítima dentro de casa
A jovem de 19 anos que perdeu dois dedos após ser atacada com uma facão pelo companheiro em Apucarana (PR) na última terça-feira (28) sofria uma rotina de abusos, violência sexual e pedidos de socorro ignorado. A informação foi divulgada por um familiar da vítima, que falou com o TNOnline com exclusividade sobre o assunto e relatou a violência sofrida pela mulher. Veja o vídeo abaixo
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Na manhã desta sexta-feira (31), a família de uma jovem de 19 anos, vítima de tentativa de feminicídio em Apucarana, fez um apelo por Justiça e detalhou a rotina de violência a que a vítima era submetida. O companheiro dela, de 26 anos, foi preso em flagrante na última terça-feira (28), no Núcleo Habitacional Dom Romeu Alberti, em Apucarana após atacar a jovem com um facão.
A vítima foi socorrida e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Providência com traumatismo cranioencefálico e sofreu cortes profundos na cabeça, além de ter dois dedos da mão decepados – o indicador e o mindinho.

Em entrevista exclusiva, um familiar da vítima, que preferiu não se identificar, expôs o relacionamento de apenas três meses do casal, marcado por cárcere privado e abusos.
"A família não sabia [que ela sofria agressões] e que ele a mantinha em cárcere privado. Todo lugar que saía, ele ia junto com ela. Não deixava nem um momento sair sozinha," afirmou o familiar.
O parente relatou que o ataque só foi descoberto porque a vítima conseguiu, momentaneamente, o celular para pedir socorro à irmã. A irmã da vítima, ao tentar ajudar, também foi rendida pelo agressor, que a manteve sob ameaça.
"Elas se trancaram dentro do quarto e ele ficou tentando arrombar a porta, chutando. Quando ele viu que chutando ele não ia conseguir entrar dentro do quarto, ele começou a bater na porta com o facão. A todo momento ele falava que ia matar as duas lá dentro," revelou o parente.
O familiar denunciou ainda a omissão da mãe do agressor, que morava na casa e seria conivente com a situação. "A mãe dele era conivente, presenciava as agressões que ela sofria. Nesse momento, a mãe dele não chamava a polícia, não falava nada pra ninguém saia e entrava da casa como se nada tivesse acontecendo."
Segundo o relato, a mãe do agressor chegou a atender a irmã da vítima e disse que estava tudo bem, permitindo a entrada dela, mesmo sabendo do risco.
Além das agressões físicas, a família confirmou que a vítima sofria violência sexual. Um áudio da jovem, obtido pela reportagem, reforça a denúncia.
"Ele me obrigava a ter relação", disse a jovem no áudio, confirmando que a violência sexual fazia parte do cotidiano de abusos.
O familiar lamentou que, mesmo após a discussão ter ocorrido na madrugada, a mãe do agressor não tenha acionado a polícia, deixando a vítima sozinha com o agressor pela manhã. "A mãe dele saiu da casa, deixou eles sozinhos na casa, sabendo que poderia acontecer alguma tragédia."
O caso chegou ao fim com a rápida intervenção da Polícia Militar (PM), acionada pelas vítimas enquanto estavam no quarto trancadas. O familiar relatou que a PM presenciou o momento em que a jovem estava sendo atacada.
"Quando a PM chegou, a PM se identificou, tentou entrar dentro da casa. Ele falou que ia matar ela e começou a golpear ela, inclusive a PM presenciou ele atacando ela," contou o parente.
O agressor foi contido com o uso de uma arma de choque Taser (não letal).
A jovem, mesmo na UTI, conseguiu relatar à família e à polícia parte dos abusos sofridos. Ela passará por novo depoimento para detalhar o ocorrido. O agressor permanece preso.
A família pede que ele seja mantido na prisão, devido às ameaças de morte feitas à vítima e aos familiares.
O familiar aproveitou para deixar um alerta a outras mulheres:
"Eu queria deixar de mensagem para as mulheres e para escolher bem os seus companheiros. A primeira agressão, denunciar, separar, não esconder da família que está sendo agredida, porque muitas vezes esconde da família achando que o cara vai mudar. O cara não muda, só daí para pior que chega no fato de querer matar. Isso que eu deixo de mensagem para as mulheres, escolher muito bem e denunciar."
O caso é investigado pela Polícia Civil.
