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De doméstica a doutora: conheça a história de Adevanir Pinheiro

Dona de uma trajetória inspiradora, ela fala sobre os desafios que enfrentou ao longo de sua vida por ser mulher e negra

Da Redação

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Doutora em Ciências Sociais e especialista em estudos étnico-raciais, Adevanir Pinheiro
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Doutora em Ciências Sociais e especialista em estudos étnico-raciais, Adevanir Pinheiro
Escrito por Da Redação
Publicado em 08.03.2023, 18:11:54 Editado em 09.03.2023, 14:57:04
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O Dia Internacional da Mulher é uma data criada para celebrar as conquistas das mulheres, mas também para lembrar a luta contínua contra o machismo, sexismo, misoginia e pela igualdade de gênero. E no caso das mulheres negras, os desafios são ainda maiores e abrangem a resistência contra o racismo estrutural e invisibilidade social. A doutora em Ciências Sociais e especialista em estudos étnico-raciais, Adevanir Pinheiro, conhece muito bem esses obstáculos.

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Nascida no Distrito de Sete de Maio, em Cambira, Deva, como gosta de ser chamada, chegou a trabalhar na lavoura e também como empregada doméstica até receber um convite para ingressar na formação religiosa em Santa Catarina. Após sete anos no estado catarinense, Deva foi convidada pelos Padres Jesuítas a trabalhar no Rio Grande Sul, onde iniciou sua formação acadêmica em Serviço Social. E durante sua trajetória, precisou lidar com muitos obstáculos por ser mulher e negra. Assista o vídeo abaixo.

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“Tive a oportunidade de ser acompanhada na minha formação acadêmica por um Padre em SC e depois acompanhada pelos padres Jesuítas que me possibilitaram os demais avanços nos estudos até o pós doutorado aos quais sou muito grata. Mas, chegando no Rio Grande do Sul, um dos obstáculos maiores que me deparei foi com a percepção do racismo e do machismo. Saí do Paraná, passei por Santa Catarina, mas foi no Rio Grande do Sul que eu me deparei com a forte presença do preconceito e do sexismo que existem muito em nossa sociedade e precisam muito serem trabalhados. Embora exista leis a favor das mulheres, nós ainda enfrentamos no dia a dia os desafios de ser mulher. E dentro dessa trajetória, eu como mulher e negra venho buscando outras mulheres, sobretudo as que ficaram para trás. ”, assinala.

Mesmo diante dos desafios, Adevanir avançou cada vez mais nos estudos e concluiu seu pós-doutorado e atualmente soma quase três décadas de atuação como professora universitária. Ela também participa de movimentos que incentivam o protagonismo feminino, sobretudo da mulher negra, para que elas passem a ocupar mais espaços nos mais diversos setores.

E com o objetivo de promover a visibilidade da mulher negra, neste sábado (11) Apucarana sedia o Segundo Encontro das Mulheres Negras, que será realizado no Colégio Estadual Santos Dummont, a partir das 14 horas, com diversas atividades.

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“Esse encontro vai trabalhar a autoestima e trazer essas mulheres para a sociedade e dar visibilidade para essas mulheres. Precisamos falar sobre a importância da presença da mulher negra que está muito ausente em Apucarana. Onde estão essas mulheres negras?”, indaga.

'VISÃO EMBRANQUECIDA'

O campo de pesquisa de Adevanir tem muita relação com suas vivências pessoais. E de acordo com ela, para combater o racismo e a discriminação é preciso estudar e pesquisar para combater a visão embranquecida da sociedade.

“Tem um parâmetro muito interessante na minha trajetória que foi a percepção e o sentir do racismo e a discriminação. Percebi que precisava trabalhar e pesquisar o outro lado da moeda que é o branco. Então no meu doutorado estudei os três vales do sul do País: Vale do Ivaí (PR), Vale do Itajaí (SC) e Vale do Sinos (RS). Fui percebendo que ao estudar o racismo e a discriminação a gente precisava trabalhar o sujeito branco para auxiliar ele na sua visão", enfatiza.

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"Se você não estudar de onde o racismo vem e onde ele está não há como combater. Ao estudar as culturas que compõem nosso pais, vamos apontando conhecimentos, conceitos que vão apontando essa magnitude das suas identidades, o reconhecimento de suas identidades, seja ela indígena, branca ou negra. Isso contribui para trabalhar as visões e chamar a branquitude para o diálogo sobre o racismo. O racismo não paira no ar, ele está no sujeito. Isso também contribui para os brancos possam se ver e refletir, porque é um sujeito humano e o racismo acaba se apoderando desse sujeito por ele não perceber de onde ele vem”, conclui.

Assista a entrevista completa em vídeo:

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