Casa mal-assombrada de Apucarana virou destaque nacional em 1970
Fato paranormal ocorreu na Rua Pio XII, onde atualmente é a Barra Funda, e ganhou dimensão nacional ao ser divulgado em programa de TV

O Halloween, celebrado nesta sexta-feira (31), é a data ideal para revisitar mistérios e fenômenos inexplicáveis. E Apucarana (PR) guarda um caso paranormal que ganhou notoriedade em todo o país, detalhado no livro "Apucarana 80 anos", do professor e doutor em história Guilherme Bomba. O episódio ocorreu em maio de 1971 em uma casa na Rua Pio XII, onde atualmente é a Barra Funda, palco de eventos aterrorizantes que chamaram a atenção nacional. O imóvel foi demolido e não há registros fotográficos.
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A rotina da casa foi subitamente quebrada por uma série de incidentes que pareciam desafiar as leis da física com móveis arremessados de um lado para o outro, louças voando pelos cômodos e se despedaçando nas paredes, enquanto luzes e eletrodomésticos ligavam e desligavam sem intervenção humana. Diante do caos e do medo generalizado, a família buscou ajuda. Sacerdotes e peritos científicos foram mobilizados para investigar a casa “mal-assombrada", mas, a princípio, nenhum deles conseguiu encontrar uma explicação lógica.

A investigação apontou para uma adolescente de 13 anos que trabalhava na residência como empregada doméstica, como a origem dos fenômenos. Segundo a apuração, a menina já havia presenciado manifestações semelhantes em um emprego anterior na cidade de Curitiba. A repercussão do caso foi tão grande que o Comissário de Menores da cidade interveio, preocupado com o assédio da multidão que se aglomerava em frente à casa. A menina foi levada para Belo Horizonte, onde foi examinada no Instituto Mineiro de Parapsicologia pelo Professor Raul Marinuzzi, que concluiu que as manifestações eram fruto de uma força inconsciente da jovem, que se convertia em energia física perceptível. O caso ganhou uma dimensão nacional inédita para a cidade, sendo apresentado e debatido no popular programa da Cidinha Campos, na extinta TV Tupi, com a presença de um padre de Apucarana, que acompanhava o ponto de vista da Igreja. O fato é relatado no capítulo “Poltergeist de Apucarana”, que faz referência ao clássico filme de terror lançado 11 anos após o caso paranormal da Cidade Alta.
Para Bomba, o episódio transcende o sobrenatural e ganha contornos de um marcante evento de folclore urbano. "Uma história como essa acaba unindo a população de Apucarana, pois por mais pitoresca que seja o enredo, ela se torna parte do imaginário popular e cada um que conta aumenta um ponto. Imagine em uma época sem redes sociais e acesso à Internet, esse era o entretenimento popular. As pessoas fizeram vigília em frente à casa mal assombrada até entenderem que a menina era o vetor. E assim como começou, do nada, terminou”, relata o professor, que descobriu o caso durante pesquisa em um anuário da cidade.
Outro ponto destacado é que o evento mostra como a população recorria a fé para lidar com o inexplicável. “A questão da fé é essencial, já que foi um padre que acompanhou o caso. Apucarana sempre foi um município com muita fé, em todos os setores e sentidos, mas a possibilidade de 'ver' as manifestações, tem muito mais um aspecto da curiosidade humana e da criação da identidade popular. Todas as civilizações têm suas lendas, mitos de origem e fatos pitorescos que une, identifica e diferencia os povos. Mas não se trata de uma história de fantasma, mas de uma parte do que é Apucarana. Claro que existe um pano de fundo religioso, mas a curiosidade e a ‘fofoca’ são muito mais representativas nesse caso”, observa.
“Apucarana é a casa das pedras alienígenas, do 'disco voador' caixa d'água, do homem do saco e por aí vai. Essa é a nossa querida, amada e cheia de coisas para descobrir, Apucarana”, conclui.
