A candidata a vereadora do Democracia Cristã (DC), Shirley Olivieri, de 66 anos, que fez 17 votos na eleição de outubro de 2024 em Apucarana (PR), admitiu em depoimento prestado ao juiz eleitoral Rogério Tragibo de Campos e ao promotor eleitoral Gustavo Marcel Fernandes Marinho que não fez campanha política e que sua candidatura foi solicitada pelo partido com a promessa de que ela “não precisava fazer nada” em termos de campanha política. Veja abaixo trechos do depoimento em vídeo obtido pelo TNOnline
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O depoimento foi prestado no âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) protocolada em 13 de novembro de 2024 na Justiça Eleitoral de Apucarana pela candidata a vereadora pelo PT, Damarli Guarnieri, apontando fraude na cota de gênero na disputa eleitoral de 6 de outubro. Além de Shirley, a ação aponta fraude na cota de gênero de outra candidata do DC, que fez 13 votos.
A ação de Damarli repete uma denúncia anterior do PSD, que aponta fraude na cota de gênero dessas mesmas candidatas. Caso o juiz anule os votos do DC e determine a retotalização, haveria uma mudança de cadeiras no Legislativo. Segundo fontes ligadas ao processo ouvidas pelo TNOnline, sairiam Adan Lenharo (DC), Luciano Facchiano (Agir) e Luiz Vilas Boas (PDT), com as entradas de Odarlone Orente (PT), Lucas Leugi (PSD) e Pablo da Segurança (Cidadania).
No depoimento que o TNOnline teve acesso, quando questionada se tinha alguma intenção em concorrer, ela disse que "não" e acrescentou. “Tanto é que quando foi pedido isso aí (para concorrer a vereadora), foi falado para mim que eu não precisava fazer nada, eu não sabia de nada, não precisava fazer campanha, nada”, disse a candidata. “Nem para vizinho eu pedi (voto)”, disse.
Ela também assinalou que foi forjada uma gravação, na qual ela supostamente confirmaria que era candidata. “A princípio eu não me lembro deles ter falado para mim que estavam gravando. Eles só iam fazer para parecer como se fosse o dia. Eles falaram para mim que a sala era fechada, que não tinha janela que eu ia passar mal e tal, que eles iam me ensaiar ali. Aí foi só um ensaio, eu não sabia de gravação nada”, disse.
A candidata disse que teve uma crise de pânico. Quando questionada se as respostas daquela oportunidade eram verdadeiras, ela disse que não. “Não, de jeito nenhum, tanto é que eu falei para minha filha, a hora que chegar na frente do juiz, eu vou falar a verdade, jamais eu quis prejudicar ninguém, eu não sabia de nada”.
Quando questionada se ela sabia o que era cota de gênero, ela negou. “De jeito nenhum. Se eu soubesse, jamais teria aceitado”, disse, repetindo que “não queria prejudicar ninguém”.
Ela voltou a afirmar que não fez campanha e, quando questionada se entregou santinho, disse que não, tampouco algum familiar, e que não fez campanha sequer no prédio dela. “ Não. Ninguém sabia. Ninguém sabia ali (da candidatura)”.
Questionada porque então concorreu, ela disse que foi influência de familiares e que nem sabia que era filiada no primeiro momento. “Só que com amizade dos meus tios e com um primo, ele colocava a família toda para filiar, e eu nem sabia que era filiada”.
Segundo ela, a candidatura foi uma “burrada”. “Eu deveria ter falado um não. O meu primo mandou a minha filha entrar em contato e pegar os meus documentos para ver se eu era filiada em algum partido, que não era para me preocupar que era uma coisa simples, passou alguns dias fui saber que era candidata. Meu marido que autorizou e foi falar comigo. Até deu briga em casa, porque eu nunca quis”, disse.
Shirley acrescentou que, na reta final, os familiares decidiram votar nela para que não zerasse.
Veja trechos do depoimento
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